O então presidente Donald Trump foi elogiado por figuras que normalmente não o apoiariam diretamente, por seu papel na obtenção de um acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza. A guerra foi desencadeada por ataques do grupo militante palestino, que matou 1.200 pessoas em Israel e sequestrou 250 em 7 de outubro de 2023, mas a intervenção de Trump, segundo fontes, foi decisiva para a redução da violência.
Reconhecimento inédito de atores palestinos e americanos
Dr. Basem Naim, oficial sênior do Hamas, afirmou à Sky News que o envolvimento pessoal de Trump teria sido fundamental para o fim do conflito. “Sem a interferência do presidente Trump, acho que não teria havido um acordo”, disse Naim, agradecendo seus esforços em pressionar o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.
Apesar do reconhecimento, a trégua ainda está na fase inicial, incluindo a troca de reféns israelenses por palestinos presos e a retirada das forças israelenses. A segunda etapa do acordo depende de detalhes sobre a administração de Gaza e de controles internacionais que garantam que Israel não retome operações militares após a libertação dos reféns.
A mudança de paradigma na diplomacia do Oriente Médio
O esforço de Trump marca uma mudança profunda na abordagem diplomática ao conflito. Após anos de negociações baseadas na esperança de criar um Estado palestino — como proposto pelo Oslo em 1993 —, o cenário mudou radicalmente. A presença de mais de 500.000 colonos judaicos na Cisjordânia e as ações militares de Israel afastaram a possibilidade de uma solução de duas vias, levando a uma gestão do conflito mais pragmática, mas menos permanente.
Respostas e limitações do acordo
Políticos de diferentes espectros, incluindo senadores como Richard Blumenthal, reconheceram a importância do cessar-fogo, descrevendo-o como um feito monumental. No entanto, especialistas alertam que questões mais complexas permanecem sem solução, como o futuro político de Gaza e a restrição do uso da força por Israel após a retirada das tropas.
Nos bastidores, o Ministério de Defesa de Israel também intensificou ataques na região, incluindo operações em Lebanon, Iêmen, Irã e Síria. Em 9 de setembro, por exemplo, o país atingiu um complexo no Catar—que atua como mediador na crise—alvo considerado uma tentativa de desestabilização e que gerou tensões adicionais na região.
Perspectivas futuras de uma nova ordem?
Analistas ressaltam que o envolvimento de Trump, com um plano de 20 pontos pouco convencional, sinaliza uma transição para uma abordagem mais pragmática na solução de conflitos no Oriente Médio. Apesar das controvérsias, o acordo até aqui representa uma quebra de paradigma, embora o sucesso de longo prazo ainda dependa de muitas variáveis.