Brasil, 11 de outubro de 2025
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Jovem negro é executado por policial militar em mercado de SP

O ex-policial Vinicius de Lima Britto foi condenado a pena leve por matar o jovem Gabriel Renan da Silva Soares em São Paulo.

No dia 9 de outubro de 2025, após um longo e conturbado júri popular, o ex-policial militar Vinicius de Lima Britto foi condenado por homicídio culposo pela execução do jovem Gabriel Renan da Silva Soares, de apenas 26 anos. O crime, que gerou grande comoção social, ocorreu em frente a um mercado da rede Oxxo, na Zona Sul de São Paulo, em novembro de 2024. Durante a abordagem, Gabriel foi baleado pelas costas após furtar quatro pacotes de sabão, uma ação que é intensamente cercada por questões de racismo e abuso de poder.

Reação da família e acusação de injustiça

A mãe de Gabriel, Silvia Aparecida da Silva, expressou sua indignação após a condenação de Vinicius, que resultou em uma pena de apenas 2 anos, 1 mês e 27 dias em regime semiaberto. Para ela, “ele suja a farda de todos os policiais”, referindo-se à mancha que esse caso traz para a corporação. O sentimento geral da família é de que a justiça não foi feita, uma vez que o ex-policial foi liberado logo após o julgamento, considerando que já estava preso preventivamente desde 5 de dezembro de 2024.

O ex-policial foi demitido da Polícia Militar em julho de 2025 após ter sido expulso por comportamentos inadequados em sua conduta profissional. A pena — que incluía ainda uma indenização de R$ 100 mil para a família de Gabriel — deixou a família da vítima ainda mais insatisfeita. “Ele é um assassino independente do que aconteça, se ele ficar dois anos ou um ano preso, ele sempre vai ser um assassino. A Justiça dos homens foi isso que foi, esse fiasco”, desabafou Silvia.

Detalhes do julgamento e o clima no tribunal

O julgamento ocorreu no Fórum Criminal da Barra Funda e foi presidido pela juíza Viviane de Carvalho Singulane. O público era dividido, com os familiares de Vinicius em um canto e a família de Gabriel no outro. O clima no tribunal era tenso, e os sentimentos eram exacerbados, com os pais de Gabriel visivelmente afetados durante e após a leitura da sentença. Ao ouvir a decisão dos jurados sobre o homicídio culposo, a família deixou o tribunal em lágrimas, sem compreender a decisão.

As qualificadoras do crime incluíam homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. A promotora de Justiça, Ingrid Maria Bertolino Braido, argumentou que o policial agiu de forma dolosa e com intenção de matar, citando a quantidade de tiros disparados e o fato de Gabriel estar desarmado. “Nada justifica a morte de uma pessoa por R$ 60”, declarou Braido, ressaltando uma cultura de violência que permeia a sociedade.

Defesa e alegações do ex-policial

A defesa de Vinicius, liderada pelo advogado Mauro Ribas, argumentou que a decisão dos jurados foi adequada ao reconhecer a imprudência do ex-policial, mas afastando a intenção de matar. Vinicius, durante o interrogatório, relatou que estava em uma compra quando ouviu um barulho e supôs que Gabriel estivesse armado. Ele afirmou ter disparado, mas negou a intenção de matar o jovem. No entanto, muitos acreditam que a verdade está longe do que foi apresentado no tribunal.

Relatos de familiares de Gabriel revelaram o desespero e a dor pela perda. Gabriel, que lutava contra vícios, tinha pedido ajuda à mãe para encontrar uma clínica na manhã de seu assassinato, um fato que prenuncia a tragédia que se seguiu. O pai, Antônio Carlos Moreira Soares, estava visivelmente abatido durante o julgamento, afirmando que “Gabriel era tudo para mim”.

O caso de Gabriel Renan da Silva Soares é um triste lembrete das injustiças e desigualdades que ainda permeiam a sociedade brasileira. A execução de um jovem negro por um agente da lei levanta questões sobre abuso de poder, desigualdade racial e a necessidade urgente de reformas na forma como as autoridades tratam questões de segurança pública e violência. A luta pela justiça de Gabriel e por mudanças estruturais no sistema de segurança continua, e seu legado não pode ser esquecido.

Conclusão

Enquanto a família de Gabriel se recupera de uma perda devastadora, o caso permanece como uma mancha sobre a estrutura das forças de segurança no Brasil, exigindo uma reflexão crítica e uma ação decisiva para garantir que tragédias como essa não se repitam. O discurso da impunidade deve ser enfrentado, e a sociedade deve se unir em busca de soluções que respeitem a vida e a dignidade de todos os cidadãos.

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