O conflito em Gaza, que ainda perdura, traz consequências devastadoras, especialmente para as crianças. No Dia Mundial da Saúde Mental, celebrado em 10 de outubro, especialistas destacam o impacto psicológico que a guerra tem causado na infância, com relatos impressionantes de trauma e angustia. Roberta Vallone, psicóloga e psicoterapeuta da Unidade de Psicologia do Hospital Bambino Gesù, em Roma, compartilhou suas experiências com vários menores que conseguiram escapar da Faixa de Gaza, revelando a gravidade da situação. “Suas mentes permaneceram bloqueadas em um estado de alarme constante e perderam todo ponto de referência”, disse Vallone, enfatizando a gravidade das consequências emocionais dessa realidade.
A situação das crianças em Gaza
Cerca de 1,2 milhão de crianças vivem em Gaza, muitas delas convivendo diariamente com a violência, a destruição e a incerteza. A situação é ainda mais crítica devido à contínua falta de acesso a serviços de saúde mental adequados. Com a escalada do conflito, as necessidades emocionais e psicológicas dessas crianças aumentaram, enquanto os recursos disponíveis se tornam cada vez mais escassos.
As crianças que participam de atividades no Centro de Saúde Mental da Unicef em Gaza relatam pesadelos, dificuldades para dormir e sentimentos intensos de medo. Outras evidências indicam que muitos pequenos desenvolvem sintomas de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), resultantes de experiências traumáticas vividas durante os ataques aéreos e constantes tiroteios. “O trauma se torna uma segunda natureza para essas crianças”, afirmou Vallone.
A resposta das organizações internacionais
Com o aumento dessas preocupações, diversas organizações internacionais têm se mobilizado para oferecer apoio e tratamento psicológico às crianças afetadas. O Unicef, em particular, tem implementado programas que visam criar um espaço seguro para as crianças, proporcionando apoio psicológico e atividades recreativas que ajudam na recuperação emocional.
No entanto, a escassez de recursos e a dificuldade em acessar áreas mais afetadas pela violência representam um grande obstáculo para these iniciativas. Mesmo assim, a resiliência demonstrada pelas crianças em Gaza é admirável. Muitos têm se mostrado participantes ativos em projetos que buscam não apenas auxiliá-los a lidar com seus traumas, mas também oferecer uma perspectiva de esperança para o futuro.
O papel da comunidade na recuperação
Além das intervencões internacionais, a comunidade local tem um papel crucial na recuperação das crianças. O apoio de amigos, familiares e do círculo social é fundamental para ajudar as crianças a encontrarem um caminho para a cura. Muitas ONGs locais têm trabalhado em conjunto com psicólogos para promover encontros comunitários que incentivam a interação e o diálogo, permitindo que as crianças expressem seus sentimentos e experiências.
Testemunhos de superação
Alguns testemunhos de crianças atendidas em programas de saúde mental mostram como o apoio contínuo pode impactar positivamente suas vidas. “Eu costumava ter medo até de ouvir uma buzina, mas agora posso jogar futebol com meus amigos”, disse um menino de 10 anos. Este tipo de relato exemplifica como a terapia e o suporte adequado podem ajudar na recuperação emocional das crianças em Gaza.
A necessidade urgente de ação
À medida que o Dia Mundial da Saúde Mental se aproxima, fica claro que a prioridade deve ser o bem-estar emocional das crianças afetadas pelo conflito em Gaza. Especialistas pedem urgência na implementação de medidas que garantam acesso a assistências psicológicas e suporte emocional, a fim de prevenir os impactos duradouros da guerra nas gerações futuras. “A infância não deve ser marcada pela guerra”, conclui Vallone, lembrando a importância de um futuro mais esperançoso para todas as crianças.
O chamado para ação é claro: é vital que governos, ONGs e a comunidade internacional se unam para fornecer apoio e recursos adequados, garantindo que nenhuma criança em Gaza seja deixada para trás em sua luta por saúde mental e bem-estar.