O surfe brasileiro vive uma fase de contrastes no Challenger Series (CS), com Mateus Herdy se destacando como a única representação nacional no top 10 do ranking. A competição, que serve como porta de entrada para a elite do surfe mundial, se torna cada vez mais desafiadora, e Saquarema, conhecida por suas ondas consistentes, tornou-se o cenário perfeito para uma possível reviravolta na trajetória dos surfistas brasileiros. A janela da etapa abre hoje, dia 11, e se estenderá até o dia 19.
A perspectiva dos surfistas no CS
Yago Dora, que recentemente conquistou o título mundial, trouxe à tona o domínio da Brazilian Storm, mas a realidade dos atletas que tentam garantir uma vaga definitiva no Championship Tour (CT) é bem diferente. Até o momento, apenas Mateus Herdy, de 24 anos, ocupa a quarta colocação no ranking do CS, uma fração do que foi visto no ano passado, quando cinco brasileiros estavam na zona de classificação. Essa disparidade provoca reflexões sobre o futuro do surfe nacional.
Com mais de 15 anos de experiência no circuito, o potiguar Jadson André, atualmente na 38ª posição do CS, reconhece as dificuldades que emergem ao competir em divisões inferiores. Para ele, o cenário atual exige adaptação constante:
— O circuito é muito difícil e disputado. Todo ano surgem novos atletas, e o nível de competitividade melhora. O Challenger acaba sendo mais desafiador do que o próprio CT. A maioria dos atletas da elite teria dificuldades na divisão de acesso. Mas ainda tem muita coisa em jogo, são mais de 30 mil pontos até a última etapa — opina Jadson.
Mateus Herdy em busca da classificação
Após a etapa de Saquarema, as próximas paradas do CS serão Pipeline, no Havaí, e Newcastle, na Austrália. O que se torna crucial para Herdy nessa fase é conquistar o título em Saquarema, o que lhe garantiria uma classificação inédita ao CT, independentemente dos resultados dos demais competidores. Nos últimos dois anos, ele ficou a um passo da vaga, terminando em 12º lugar, mas neste ano, a história pode ser diferente.
Treinado por Leandro Dora, pai do campeão mundial Yago Dora, Herdy é um dos talentos emergentes do Brasil e carrega consigo a expectativa de superar as adversidades. Apesar de ter enfrentado dificuldades financeiras que quase o levaram a desistir do circuito profissional, ele conseguiu um novo patrocinador e apresenta um desempenho promissor nesta temporada com um segundo lugar e três nonos.
— Uma pessoa com o talento dele, uma hora vai conseguir. Neste ano, ele está mais maduro, trocando experiências. Já bateu na trave várias vezes, então, sabe exatamente o que precisa fazer e está fazendo. Tudo indica que, desta vez, vai conseguir — destaca Jadson.
Novas promessas no surfe feminino
No cenário feminino, apenas sete mulheres podem se classificar ao CT, e a jovem brasileira Laura Raupp, de 19 anos, ocupa a sexta posição. Ela é seguida de perto por Sophia Medina, de 20 anos, irmã do tricampeão mundial Gabriel Medina, que busca um bom resultado em Saquarema para sonhar com a sua inclusão na elite mundial. Talento e perseverança definem a trajetória de ambas, que têm se destacado desde cedo.
Laura, natural de pico da cruz em Florianópolis, já compete no CS desde 2022 e conquistou um terceiro lugar na etapa de Ballito, na África do Sul, neste ano, sua melhor campanha até o momento. Por outro lado, Sophia, que carrega a pressão do sobrenome famoso, vem de três nonas posições consecutivas e precisa avançar mais fases para acompanhar o irmão no CT.
Em meio a essas expectativas e desafios, o surfe brasileiro se prepara para viver momentos decisivos nos próximos dias. A etapa de Saquarema promete emoções e, quem sabe, algumas surpresas que possam mudar o rumo da competição – tanto no masculino quanto no feminino.
As próximas semanas serão cruciais para o futuro do surfe nacional e a classificação ao Championship Tour. Assim, a vibração e apoio da torcida brasileira poderão ser fundamentais para inspirar os atletas a darem o seu melhor nas ondas de Saquarema.