O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, se pronunciou nesta quinta-feira sobre sua relação com o ministro Luís Roberto Barroso, que recentemente anunciou sua aposentadoria. Durante os anos de atuação na Corte, Mendes e Barroso tiveram diversos embates, mas, em uma declaração recente, o decano afirmou que não guarda más recordações do colega.
A aposentadoria de Barroso e a visão de Mendes
Gilmar Mendes, em uma demonstração de respeito e reconhecimento ao trabalho de Barroso, disse: “Não guardo mágoas. O compromisso tem que ser com a instituição. Isso é fundamental. Tenho certeza, ministro Barroso, que a História vai reconhecer o seu papel”. Essas palavras refletem um desejo de deixar divergências passadas para trás e olhar para o futuro da instituição.
Embates notáveis no STF
As tensões entre Mendes e Barroso não são novas. Em março de 2018, durante um julgamento sobre doações eleitorais, Mendes criticou indiretamente Barroso, mencionando “manobras” na Corte. O ministro se referia, em parte, a um voto de Barroso que revogava a prisão preventiva de médicos envolvidos em um caso controverso de uma clínica de aborto. Essa crítica gerou uma resposta incisiva de Barroso, que afirmou: “Me deixa de fora do seu mau sentimento. Você é uma pessoa horrível. Uma mistura do mal com atraso e pitadas de psicopatia.”
Esse intercâmbio explosivo não foi um caso isolado. Barroso, em uma oportunidade anterior, atirou críticas contra Mendes, alegando que o colega “não trabalha com a verdade” e mudava sua interpretação de jurisprudência dependendo do réu. Mendes, respondendo, acusou Barroso de defender “bandidos internacionais”, referindo-se à defesa que Barroso fez do terrorista italiano Cesare Battisti em seu passado como advogado.
Reaproximação em tempos difíceis
Após anos de desavenças, uma mudança na dinâmica entre os dois ministros ocorreu durante a presidência de Jair Bolsonaro. Durante um período em que o STF enfrentou ataques frequentes, Mendes e Barroso se reaproximaram, talvez em um esforço para manter a integridade e a proteção da instituição.
Histórico de decisões marcantes
No último dia 25 de setembro, quando Barroso participou de sua última sessão como presidente da Corte, Gilmar Mendes exclamou a importância do trabalho do colega, mencionando que sob sua presidência, o STF julgou e condenou um ex-chefe de Estado por tentativa de golpe. Mendes classificou essa ocorrência como “rara” e um marco significativo na história.
“A presidência de vossa excelência entra para a História como a primeira vez em que um ex-chefe de Estado é condenado por tentativa de golpe de Estado, um fato raríssimo em termos mundiais”, afirmou Mendes, ressaltando que a contribuição de Barroso para a Justiça no Brasil não deve ser subestimada.
Conclusão: Uma relação complexa
A relação entre Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso exemplifica as complexidades que permeiam o trabalho de um tribunal supremo. Embora as diferenças e críticas possam ter marcado sua trajetória, o respeito mútuo e a compreensão do papel fundamental que cada um desempenha na justiça brasileira são evidentes nas declarações de Mendes. À medida que Barroso se despede de sua função no STF, o legado de suas decisões e debates persiste, influenciando o sistema jurídico brasileiro por muitos anos à frente.
A história do STF continua a evoluir, e com ela, o papel de cada ministro e suas interações também se desdobrarão em capítulos futuros.
