Brasil, 10 de outubro de 2025
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Milei faz show de rock enquanto peso argentino colapsa

Presidente argentino canta clássicos do rock em evento enquanto reservas e economia enfrentam crise severa

No último 6 de outubro, enquanto o peso argentino desabava 7% em uma semana, o presidente Javier Milei subiu ao palco do Movistar Arena em Buenos Aires para um espetáculo de rock. A apresentação marcou o lançamento do seu livro La Construcción del Milagro, em que reuniu discursos e publicações em redes sociais. Com cerca de 15 mil pessoas presentes, Milei vestiu jaqueta de couro preta, cantou sucessos do rock argentino dos anos 1980 e fez referências ao combate ao kirchnerismo, incluindo uma versão de Hava Nagila em reação a ataques antissemitas recentes. A apresentação, que durou aproximadamente uma hora, teve um custo estimado em US$ 260 mil, bancada por apoiadores privados.

Crise cambial e descontrole financeiro na Argentina

Paralelamente ao show, o Banco Central enfrentava forte pressão cambial. Nos últimos dias, foram vendidos cerca de US$ 1,1 bilhão em reservas líquidas, incluindo uma única sessão com US$ 678 milhões — a maior operação desde 2019. O objetivo era defender a banda cambial flutuante, que atualmente tem um teto de 1.475 pesos por dólar. Apesar das reservas brutas de US$ 39 bilhões, as líquidas somam apenas entre US$ 6 e 7 bilhões, insuficientes para cobrir compromissos até as eleições de 26 de outubro. No mercado paralelo, o dólar atingiu 1.510 pesos, enquanto analistas alertam para o risco de default em dívidas de US$ 34 bilhões até 2027.

Segundo projeções do Banco Trust, o Banco Central deve perder cerca de US$ 10 bilhões em reservas até o final de outubro, enquanto uma operação de swap de US$ 20 bilhões nos Estados Unidos, anunciada por Scott Bessent, ainda não compensa totalmente a crise. Assim, enquanto Milei performava no palco, as reservas do Banco Central eram consumidas rapidamente, elevando o contraste entre espetáculo e crise real na Argentina.

Escândalos e turbulências políticas envolvendo Milei

O governo do presidente Milei também enfrenta uma série de escândalos, incluindo uma crise interna envolvendo sua irmã, Karina Milei, suspeita de participação em contratos de remédios para deficientes. Além disso, em fevereiro, Milei promoveu a criptomoeda $LIBRA, que chegou a subir 1.300%, mas colapsou após venda de tokens por desenvolvedores, causando perdas de US$ 250 milhões. Outros episódios, como vazamentos de áudios e investigações por fraudes, corroem a credibilidade de Milei. A justiça também proibiu a divulgação de novos áudios relacionados à sua irmã e aos gastos públicos no setor de saúde.

Repercussões e impacto no cenário político e econômico

As restrições orçamentárias e a instabilidade política provocaram reações de governadores provinciais. Entre julho e setembro, 24 chefes de província aprovaram leis de aumento de gastos locais, forçando Milei a liberar fondos federais retidos. Governadores de Buenos Aires, Chubut e Santa Fe criticaram abertamente as ações do governo, aumentando o descontentamento social. No mercado financeiro, o índice Merval caiu 50% em dólares em 2025, e os títulos argentinos sofreram à medida que os investidores reavaliaram os riscos fiscais e políticos. Enquanto isso, residentes começaram a adotar criptomoedas como hedge contra a depreciação cambial.

O show de Milei, que prometia um “milagre”, é visto por analistas como um último suspiro de um governo à beira do colapso. Enquanto o presidente performa no palco, reservas evaporam, mercados se retraem e o cenário econômico argentino permanece de alta volatilidade, com o risco de default se tornando cada vez mais evidente. O futuro do país permanece incerto, marcado por crises que afetam tanto a política quanto a economia.

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