Após alguns dias de descanso na Polinésia Francesa, Rodolfo Landim, ex-presidente do Flamengo, decidiu quebrar o silêncio e comentar a polêmica envolvendo o clube e a Libra, a nova liga de futebol que pretende unificar a gestão dos direitos de transmissão no Brasil. Em uma entrevista, Landim abordou a criação do estatuto social do grupo e as circunstâncias em que ele foi assinado, defendendo os interesses do Flamengo e esclarecendo algumas questões sobre a condução das negociações.
A criação do estatuto social da Libra
De acordo com Landim, o estatuto foi assinado em setembro de 2024, em um momento em que não havia discussão sobre direitos de TV e a audiência dos jogos. O objetivo principal na época era estabelecer os princípios básicos para a formação de uma liga única que englobasse clubes das Séries A e B do Campeonato Brasileiro, por meio do grupo LFU, que faz parte da iniciativa da Libra.
– Quando o estatuto foi assinado, não havia nenhuma negociação de direitos iniciada e ainda era esperada a possível transformação daquele grupo numa verdadeira liga, com a adesão de todos os demais clubes – afirmou Landim, explicando que a proposta inicial não contemplava debates sobre contratos de transmissão, que seriam tratados posteriormente.
Poder de veto do Flamengo e questões contratuais
Landim destacou a importância de assegurar o poder de veto do Flamengo em futuras decisões relacionadas à liga e aos contratos de transmissão. Segundo ele, qualquer alteração no estatuto requer unanimidade entre os clubes, uma exigência que até o momento não foi alcançada.
– Não é em um estatuto que se esperava que fossem discutidos todos os detalhes de futuros contratos. Ali era importante constar princípios básicos, como por exemplo o direito de veto a futuras decisões que o Flamengo obteve. O resto viria depois – acrescentou o ex-presidente.
Vale lembrar que, apesar do estatuto ter sido aprovado por Landim em setembro de 2024, a ratificação por parte do atual presidente, Bap, ocorreu apenas em fevereiro de 2025. Enquanto isso, o Flamengo nega que existam documentos que comprovem qualquer aprovação relacionada à divisão das receitas e direitos de TV, levantando questões sobre a transparência das decisões tomadas.
Conflitos internos e a divisão de receitas
Nos bastidores, há uma preocupação entre os líderes do Flamengo em relação à condução das disputas institucionais. Segundo fontes ouvidas pelo blog, há um consenso entre a atual gestão e a anterior de que criticar Bap publicamente poderia prejudicar o clube em meio a um processo judicial e disputas com outras entidades.
Os presidentes e conselheiros do Flamengo até elogiaram a apresentação técnica feita no Conselho Deliberativo sobre as questões de divisão de receitas, tendo em vista que o critério de audiência representa 30% da distribuição dos valores. Essa posição reflete a preocupação do clube em garantir que seus interesses não sejam perdidos na nova liga.
Impactos da Lei do Mandante e futuro do Flamengo
Um ponto importante a ser destacado na entrevista de Landim foi a queda nas receitas do Flamengo devido ao novo panorama estabelecido pela Lei do Mandante. Com essa legislação, clubes como o Flamengo passaram a enfrentar novos desafios, pois a responsabilidade pela negociação dos direitos de transmissão passou a ser compartilhada também com os times adversários, o que pode impactar diretamente na arrecadação do clube.
– O Flamengo já se atrelava a uma queda de receita em relação ao vínculo anterior a mudança de cenário com a aprovação da Lei do Mandante, também apoiada por Bap, que deu aos demais clubes o poder de negociar os jogos como mandante, inclusive contra o Flamengo – concluiu Landim.
Com essa declaração, o ex-presidente parece deixar claro seu compromisso em proteger os interesses do Flamengo no contexto da nova liga e na disputa pela divisão de receitas. Resta saber como essas negociações irão se desenvolver e quais serão os próximos movimentos tanto da antiga quanto da atual gestão do clube.