O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira (9) um apoio financeiro de US$ 20 bilhões à Argentina, em um esforço para fortalecer o governo do presidente Javier Milei. A medida, que chega em um momento de tensão econômica e política no país, busca ajudar Milei a obter um tempo e fortalecer sua sustentação política antes das eleições legislativas de 26 de outubro.
O papel do apoio americano na governabilidade de Milei
Segundo fontes próximas às conversas, o principal pedido do secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, ao ministro da Economia argentino, Luis “Toto” Caputo, foi para que “trabalhem para fortalecer a governabilidade”. Isso significa assegurar uma boa performance nas eleições e articular alianças no Congresso e com os governadores para garantir que as reformas prometidas por Milei, como a tributária e trabalhista, avancem.
Reformas e apoio condicional
Para os Estados Unidos, governabilidade significa que Milei precisa aprovar e implementar suas propostas de reforma. Sem uma base política sólida, ele terá dificuldades de cumprir suas promessas. O apoio de Trump ao argentino, avaliam analistas, é condicionado ao sucesso de Milei em estabelecer uma base de sustentação política forte.
De acordo com o ministro Caputo, o apoio financeiro também funciona como um incentivo para que Milei consolide alianças com setores moderados, incluindo o ex-presidente Mauricio Macri, que podem ser essenciais para a implementação de mudanças estruturais. A revelação demonstra que, apesar do apoio financeiro, os EUA estão atentos às dificuldades de Milei em consolidar a governabilidade.
Contexto e desafios econômicos
O anúncio ocorre em meio a um cenário de escassez de divisas na Argentina, que tem enfrentado dificuldades para manter suas reservas cambiais. O mecanismo do swap de US$ 20 bilhões, que não exige aprovação do Congresso, poderá proporcionar alívio financeiro imediato, mas não resolve problemas estruturalmente profundos, como a crise social e a fragilidade institucional.
Segundo análises, o apoio financeiro, embora importante, é uma peça apenas na complexa equação de estabilização do país. Para ativar o swap, a Argentina precisou obter autorização das autoridades chinesas, que limitou a liberação de apenas US$ 5 bilhões de um total de US$ 18 bilhões negociados, destacando as dificuldades de obtenção de recursos internacionais.
Futuro político e possibilidades
Milei precisa realizar uma boa eleição legislativa para formar uma base de apoio efetiva. O resultado afetará seu governo e suas alianças, podendo abrir espaço para pactos com setores mais moderados ou, caso opte por radicalizar, dificultar a governabilidade. O apoio de Trump, por sua vez, é uma ferramenta, mas não uma garantia de sucesso.
O futuro do apoio americano depende do desempenho de Milei nas próximas semanas e de sua capacidade de consolidar alianças políticas. Mantê-lo no poder e garantir a implementação de reformas é fundamental para os interesses dos EUA na região, sobretudo diante do desafio de uma Argentina em crise.
Segundo especialistas, embora o apoio financeiro de US$ 20 bilhões possa aliviar a crise imediata, problemas de fundo, como a crise social, a instabilidade política e a fragilidade fiscal, permanecem. Militares, aliados e adversários do governo argentino devem acompanhar de perto as próximas semanas, que serão decisivas para o destino de Milei na Casa Rosada.