A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta quinta-feira, uma nova fase da Operação Sem Desconto, que investiga um esquema bilionário de descontos irregulares em aposentadorias e pensões. A operação visa combater fraudes que podem ter prejudicado milhões de beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Estão sendo cumpridos 66 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), abrangendo o Distrito Federal e outros sete estados: São Paulo, Sergipe, Amazonas, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Pernambuco e Bahia.
Alvos da operação incluem sindicatos e associações
Entre os alvos da ação estão grandes entidades como o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), presidido por José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, que é irmão do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Sindnapi se manifestou após a primeira fase da operação, afirmando ter sido o autor da denúncia de irregularidades e apoiando as investigações, ressaltando sua “atuação idônea e transparente” em benefício de seus quase 300 mil associados.
Investigação de crimes financeiros
De acordo com a PF, esta nova fase almeja aprofundar a investigação sobre crimes como a inserção de dados falsos em sistemas oficiais, formação de organização criminosa e ocultação de patrimônio, com o objetivo de desmantelar um esquema que desviou bilhões de reais de beneficiários do INSS entre 2019 e 2024. A operação conta ainda com o apoio da Controladoria-Geral da União (CGU) e reflete o compromisso das autoridades em combater fraudes no sistema previdenciário.
Irregularidades e esquemas de desconto
A primeira fase da operação teve início em abril de 2025, revelando que sindicatos e associações de aposentados realizaram descontos indevidos e sem autorização nos contracheques de beneficiários, totalizando cerca de R$ 6,3 bilhões. Naquela ocasião, a cúpula do INSS foi afastada devido a suspeitas de envolvimento nas fraudes.
Os sindicatos e associações envolvidos alegavam oferecer serviços como planos de saúde e assistência jurídica, mas, segundo a CGU, não tinham estrutura para cumprir essas promessas. Em muitos casos, os aposentados nem sabiam que haviam sido associados, descobrindo os descontos apenas ao consultarem seus extratos de benefícios.
Prisão de empresários e investigação aprofundada
Em setembro deste ano, a PF prendeu empresários envolvidos na operação, como Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, e Maurício Camisotti, considerados os principais operadores financeiros do esquema. Durante a ação, também foram alvos das buscas o advogado Nelson Willians, suspeito de intermediar transações com as associações investigadas. Os agentes apreenderam itens de alto valor, como armas, relógios suíços de luxo e obras de arte durante a operação.
O “Careca do INSS” é visto como uma figura central na trama de corrupção que infiltrou o sistema previdenciário. Os investigadores afirmam que ele coordenava empresas que atuavam como intermediárias financeiras entre as associações fraudulentas e servidores públicos, e parte dos recursos desviados era paga a funcionários do INSS responsáveis por autorizar convênios e validar descontos nos benefícios.
Consequências e futuro das investigações
O caso levou à instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso, que investiga o impacto do esquema nas finanças públicas e o futuro dos beneficiários do INSS. Com a continuidade das investigações, espera-se que mais informações venham à tona, assim como novas medidas para desarticular redes de corrupção que atacam indivíduos vulneráveis na sociedade.
As repercussões da Operação Sem Desconto evidenciam a crescente necessidade de vigilância e transparência no sistema de aposentadorias no Brasil, buscando proteger os direitos dos aposentados e pensionistas e garantir que seus benefícios não sejam corroídos por ações fraudulentas.
A população acompanha de perto o desdobramento dessas investigações, na expectativa de que os responsáveis sejam punidos e que o sistema previdenciário se torne mais seguro e justo para todos os aposentados e pensionistas.