No dia 4 de outubro, data que celebra São Francisco de Assis, Robert Prevost lançou sua primeira exortação apostólica, intitulada Dilexi te (“Eu te amei”). Este documento, que representa um trabalho iniciado por Papa Francisco e finalizado por Prevost, aborda temas cruciais como a pobreza, a Justiça Social e o cuidado com os marginalizados. O Papa Leão XIV denuncia uma economia que causa mortes, a desigualdade social, a violência contra as mulheres, e convoca os fiéis a se manifestarem contra as injustiças estruturais que assolam a sociedade. “As estruturas da injustiça devem ser destruídas com a força do bem”, enfatiza o Pontífice.
Os fundamentos do amor cristão e sua relação com a pobreza
Na exortação, Prevost recorda que o amor pela humanidade se traduz em atenção especial aos pobres e excluídos. O Papa lembra que o sofrimento dos inocentes é um espelho do sofrimento de Cristo e que a luta contra a escravidão, a defesa dos direitos das mulheres e o direito à educação são fundamentais para uma sociedade mais justa. Ele critica a visão que vê a esmola como um ato de paternalismo e ressaltar que deve ser encarada como “justiça restabelecida”.
A tradição da Igreja e a opção preferencial pelos pobres
A exortação também destaca a continuidade da missão da Igreja, que ao longo dos séculos sempre teve como foco a proteção dos marginalizados. Desde João XXIII a Francisco, os papas têm reforçado essa ligação preferencial com os pobres. Prevost conclui que a “opção preferencial” pelos pobres não deve ser entendida como exclusão, mas sim como compaixão divina que busca restaurar a dignidade humana.
Novas faces da pobreza e a necessidade de equidade
Prevost explora diferentes formas de pobreza e as novas realidades que emergem em uma sociedade marcada por desigualdades materiais. Ele critica o discurso que afirma que a pobreza foi reduzida, advertindo que tal afirmação ignora as realidades contemporâneas. “A falta de equidade é a raiz de todos os males sociais”, afirma o Papa. Prevost aponta que, em vez de abordar as causas estruturais da pobreza, muitas sociedades têm permitido que uma economia que mata continue a prosperar.
Diante da cultura do descarte
O Pontífice expõe sua preocupação com a cultura do descarte que permeia a sociedade atual, que aceita com indiferença que milhões morram de fome ou vivam em condições desumanas. Ele critica a ideia de que a liberdade do mercado resolverá as questões sociais e denuncia a “pastoral das elites”, que prioriza a assistência aos ricos enquanto ignora as necessidades dos pobres.
Uma nova mentalidade em busca de dignidade
Prevost convoca uma mudança de mentalidade, tanto por parte da Igreja quanto da sociedade em geral. Ele enfatiza que a dignidade humana deve ser respeitada agora, e não apenas no futuro. A voz da Igreja deve ser uma voz ativa e profética que busca transformar as realidades sociais, levantando questões e fazendo denúncias quando necessário.
A migração e a presença de Cristo entre os necessitados
Um ponto crucial da exortação é a questão da migração. Prevost relembra o histórico de descaso em relação a crises migratórias, simbolizada pela triste imagem do menino Alan Kurdi. O Papa recorda que a Igreja tem um papel fundamental em acolher aqueles que são forçados a deixar suas casas, e reitera os “quatro verbos” do Papa Francisco: acolher, proteger, promover e integrar. A presença de Cristo deve ser reconhecida em cada migrante que bate à porta da comunidade.
Voz contra a indiferença e a violência às mulheres
Além da migração, Prevost aborda a violência contra as mulheres, que são as mais vulneráveis em cenários de exclusão e desnutrição. Ele reconhece que muitas mulheres enfrentam dificuldades ainda maiores, sendo “duplamente pobres”. A exortação implica a erradicação das causas da pobreza, e expõe a lenta resposta da Igreja e da sociedade ao clamor por justiça e dignidade.
Refletindo sobre o papel da caridade
Prevost também se detém sobre a importância da prática da caridade, que não pode ser menosprezada ou considerada como um fardo. Ele encoraja os cristãos a não renunciarem à esmola, ressaltando que pequenas ações podem tocar vidas e, simultaneamente, levantar a voz em defesa da justiça social.
O compromisso da Igreja com os pobres
O Papa conclui sua exortação com um chamado para que todos os cristãos se deixem evangelizar pelos pobres. Ele afirma que a relação com os necessitados não deve ser entendida como uma mera atividade da Igreja, mas como a essência do seu ser. “Os pobres ocupam um lugar central na Igreja”, afirma Leão XIV, convidando a todos a se unirem na luta por uma sociedade mais justa e equitativa.
A nova exortação apostólica de Robert Prevost não é apenas um documento teológico, mas um chamado à ação para transformar a realidade social dos mais necessitados, colocando em prática a mensagem central do Evangelho. Que essa exortação inspire não só a Igreja, mas toda a sociedade a erguer sua voz contra as injustiças e a promover a dignidade de cada ser humano.