No coração do Centro do Rio de Janeiro, um prédio que já foi símbolo da ambição e do poder na ficção vai ganhar um novo propósito. O edifício espelhado de 34 andares, onde se passavam os enredos da novela “Vale Tudo” e que abrigava a fictícia TCA de Odete Roitman, será leiloado no dia 7 de novembro. A parte que pertence à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) — totalizando 11 andares — representa uma oportunidade única para a universidade, que enfrenta uma severa crise orçamentária.
Modelo inédito de leilão
Neste leilão, o valor de R$ 251 milhões não será pago em dinheiro, mas sim por meio de investimentos em obras e reformas em diversos campi da UFRJ, em um modelo que o reitor Roberto Medronho descreveu como “uma espécie de escambo”. Segundo ele, a expectativa é que a transação seja concluída em até cinco anos.
A UFRJ está buscando inovar em suas abordagens e, segundo Medronho, a decisão de leiloar os andares não foi simples. “Nós não vamos receber dinheiro. A vencedora do leilão vai pagar em reformas ou novas edificações”, explicou o reitor, destacando a necessidade urgente de melhorar as condições das instalações da universidade.
Desafios enfrentados pela UFRJ
Atualmente, dos 11 andares pertencentes à UFRJ, apenas uma parte abriga a Escola de Música, a mais antiga do Brasil. O restante dos andares está majoritariamente desocupado, o que gera custos elevados, com despesas que chegam a R$ 5 milhões anuais apenas de condomínio. Além disso, as condições do prédio moderno não são ideais para as atividades de uma escola de música, especialmente no que diz respeito ao isolamento acústico.
Segundo dados da universidade, sua situação financeira é crítica, com um orçamento que foi reduzido pela metade nos últimos 12 anos. O leilão dos andares é visto como uma das soluções para tentar amenizar essa crise, permitindo a construção de novas edificações e reformas necessárias.
Convite à imaginação
Esse leilão não serve apenas para sanar questões econômicas, mas também revive memórias da novela “Vale Tudo”, um marco da televisão brasileira. A trama, que trazia Odete Roitman, interpretada pela talentosa Deborah Bloch, capturou a imaginação de milhões de espectadores e transformou o prédio em um ícone da cultura popular. Agora, o que era símbolo de riqueza e ambição na ficção poderá reescrever a realidade da universidade, abrindo novos horizontes.
“Esta novela terá um desfecho maravilhoso”, brincou o reitor Medronho, referindo-se tanto ao leilão quanto ao enredo da novela, famosa por seu mistério. “Todos queremos saber quem matou Odete Roitman — e também quem ganhará o leilão,” concluiu, deixando em aberto uma curiosidade que conecta passado e futuro.
A importância da preservação da história
A combinação de um patrimônio cultural icônico e a necessidade de revitalização da infraestrutura educacional resulta em uma proposta que merece atenção especial. Preservar a história enquanto se busca modernização é um passo importante que a UFRJ está dando. O modelo de leilão reflete uma nova forma de encarar os desafios da administração pública, permitindo que a universidade não apenas mantenha suas tradições, mas também se adapte aos novos tempos.
Em um país onde a educação enfrenta constantes desafios, iniciativas como essa podem ser vistas como um caminho a ser seguido por outras instituições para garantir o futuro e a qualidade do ensino. O leilão do prédio emblemático é uma oportunidade que poderá trazer benefícios não apenas ao campus, mas a toda a sociedade, reafirmando o valor das universidades públicas e sua missão.
À medida que se aproxima a data do leilão, a expectativa cresce. O que se desenhará a partir dessa transação pode não apenas impactar a UFRJ, mas inspirar outras instituições a repensarem suas estratégias para se manterem relevantes e sustentáveis.
