As investigações da Polícia Federal revelaram uma complexa máfia familiar que operava há mais de uma década, vendendo aprovações em concursos públicos com valores de até R$ 500 mil por vaga. A operação, deflagrada em 27 de julho de 2025, mostrou como o esquema utilizava dublês, pontos eletrônicos implantados cirurgicamente e acesso antecipado aos gabaritos, burlando os sistemas de segurança das bancas organizadoras.
Como a fraude foi descoberta e os métodos utilizados
A investigação começou após uma denúncia anônima indicando um núcleo familiar em Patos, na Paraíba, envolvido na venda de gabaritos mediante pagamento. A Polícia Federal analisou minuciosamente os cartões de resposta do Concurso Nacional Unificado (CNU) 2024, constatando respostas idênticas, mesmo em provas de versões diferentes, o que não podia ser explicado por mera coincidência.
O esquema familiar e seus protagonistas
Segundo os agentes, Wanderlan Limeira de Sousa, ex-policial militar com antecedentes criminais, liderava o grupo. Ele foi aprovado como Auditor Fiscal do Trabalho, mas não tomou posse, reforçando a suspeita de sua participação na fraude. Seus familiares e contatos próximos — incluindo filho, irmãos, cunhada e sobrinha — também estavam envolvidos na operação.
O relatório aponta o uso de pontos eletrônicos implantados cirurgicamente, além de dublês — candidatos substitutos com documentos falsificados — em diversas provas. Mariana Abreu, outra investigada, teria feito provas em nome de terceiros em concursos de polícia em Pernambuco e Alagoas.
Estrutura financeira e lavagem de dinheiro
Além das fraudes, a quadrilha movimentava grandes quantias de dinheiro por meios ilícitos. Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) apontam depósitos de até R$ 419 mil em espécie por parte de Geórgia Neves, suspeita de ser uma das beneficiárias finais, usando laranjas para ocultar a origem dos recursos.
A PF apreendeu celulares, computadores e documentos em várias operações, além de gravações de áudios, mensagens e comprovantes de pagamentos, indicando uma estrutura financeira sofisticada com envolvimento de imóveis, veículos, ouro e procedimentos odontológicos para disfarçar os pagamentos.
Autuações e próximos passos
Durante a operação, três pessoas foram presas preventivamente em Recife e Patos, e a investigação continua avançando para identificar outros envolvidos. Os advogados dos investigados afirmam estar colaborando com as autoridades e garantem sua inocência, enquanto a Polícia Federal reforça o compromisso de combate à corrupção e fraudes em concursos públicos.
O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos declarou que acompanha as investigações e aguardam os desdobramentos da operação para tomar eventuais medidas administrativas.
Implicações e impacto na transparência
A operação revela a fragilidade dos sistemas de segurança e fiscalização em concursos públicos no Brasil e levanta questões sobre o controle e a supervisão das bancas organizadoras. Além de detectar uma rede que operava por mais de uma década, as investigações mostram a necessidade de maior rigor e fiscalização no setor.
A Polícia Federal continuará buscando garantir a imparcialidade e a integridade dos processos seletivos, com o objetivo de restabelecer a confiança na transparência dos concursos públicos no país.
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