A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as fraudes do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) conduz, nesta quinta-feira (9/10), uma audiência com Milton Baptista de Souza Filho, presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi). A presença do sindicalista se dá em meio às investigações relacionadas à Operação Sem Desconto, da Polícia Federal (PF), que apura irregularidades financeiras envolvendo o sindicato.
O Sindnapi e a Operação Sem Desconto
O Sindnapi, vinculado à Força Sindical, é gerido por Milton Baptista, enquanto o vice-presidente, Frei Chico, é irmão do atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As relações familiares e políticas aumentam a atenção sobre as investigações que se intensificam em torno das movimentações financeiras do sindicato, que, conforme informações reveladas, movimentou mais de R$ 1,2 bilhão entre janeiro de 2019 e junho de 2025.
Documentos obtidos pela CPMI, oriundos do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), revelam que o sindicato fez movimentações em espécie que somaram R$ 6,5 milhões nesse mesmo período. Tais dados despertaram a curiosidade das autoridades sobre a legalidade e a origem desse montante, visto que o sindicato é alvo de muitas denúncias por supostas fraudes em filiações de segurados.
A farra do INSS: um escândalo revelador
O escândalo envolvendo o INSS foi primeiramente exposto pelo portal Metrópoles, que, a partir de dezembro de 2023, publicou uma série de reportagens detalhando a crescente arrecadação de entidades ligadas a aposentados, que subiu a impressionantes R$ 2 bilhões em um único ano. Enquanto isso, essas mesmas entidades enfrentavam dezenas de processos por fraudes em suas práticas de filiação de segurados.
Essas revelações provocaram a abertura de um inquérito pela Polícia Federal e contribuíram para as investigações da Controladoria-Geral da União (CGU). Um total de 38 reportagens do Metrópoles foram utilizadas como base para a Operação Sem Desconto, que culminou na demissão de figuras-chave, como o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi.
Preparativos para a oitiva e novos requerimentos
Antes da oitiva de Milton, a CPMI se reunirá para discutir e votar 78 requerimentos, entre os quais está um pedido para que o advogado Eli Cohen, responsável pelas primeiras denúncias das fraudes, seja novamente convocado. Os deputados justificam a necessidade dessa nova oitiva com base no vazamento de um áudio em que Cohen teria distorcido informações durante uma fala na CPMI.
Outro requerimento inclui a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Dauliesi Giacomasi Souza, esposa de Milton, abrangendo o período de janeiro de 2019 até o dia 3 de outubro de 2025. Essa medida busca esclarecer se há relação entre os recursos financeiros movimentados pelo Sindnapi e qualquer irregularidade associada ao casal.
Implicações da investigação para a política brasileira
As investigações da CPMI do INSS têm gerado um grande impacto na política brasileira, especialmente considerando as relações entre os envolvidos e o governo atual. O fortalecimento das denúncias contra o Sindnapi e as movimentações financeiras suspeitas levantam questionamentos sobre a legitimidade das práticas de certos sindicatos no Brasil, além de enfraquecer a confiança nas instituições que deveriam proteger os aposentados e pensionistas.
Para os cidadãos comuns que dependem do INSS e de suas garantias, esses desdobramentos trazem um sentimento de insegurança e frustração. Há um clamor por mais transparência e a necessidade de reformas que assegurem a correta utilização dos recursos e que protejam os direitos dos aposentados.
O que acontecerá na audiência com Milton Baptista de Souza Filho poderá não apenas trazer novas revelações sobre o Sindnapi, mas também, potencialmente, iluminar o caminho para futuras ações contra a corrupção dentro dos sistemas de seguridade social do país.