Brasil, 9 de outubro de 2025
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COEs da XP e do BTG: risco oculto que expôs investidores a prejuízos

Investidores em Certificados de Operações Estruturadas ligados à Ambipar e Braskem enfrentam perdas de até 93%, evidenciando falta de transparência e riscos ocultos

Investidores que aplicaram em Certificados de Operações Estruturadas (COEs) vinculados a títulos de dívida da Ambipar e da Braskem, distribuídos principalmente pela XP Investimentos e pelo BTG Pactual, enfrentam perdas de até 93% do valor investido, após a crise dessas empresas. Este cenário revela como a falta de informação e a complexidade desses produtos podem expor os investidores a riscos elevados.

O que são os COEs e como funcionam

COEs são investimentos que combinam diferentes ativos financeiros em uma única aplicação, funcionando como uma “embalagem” de instrumentos como ações, moedas, índices e taxas de juros. Essa estratégia visa otimizar os ganhos, ao mesmo tempo em que tenta proteger o capital investido, explica Otávio Araújo, consultor sênior da ZERO Markets Brasil.

Na prática, um COE tem como base um ativo de referência — como uma moeda ou um título de dívida — que determina o desempenho do investimento. Os bancos que emitem esses produtos combinam diferentes instrumentos financeiros, incluindo opções, para construir uma estrutura personalizada. Essa complexidade permite estratégias variadas, mas também aumenta os riscos envolvidos, segundo especialistas.

Tipos e riscos dos COEs

Tipos de COEs

Existem dois tipos principais de COEs: o de capital protegido, que garante o valor inicial investido no vencimento, e o de capital em risco, que oferece potencial de maior retorno, porém com a possibilidade de perda parcial ou total do capital, dependendo do desempenho dos ativos de referência.

Principais riscos

Apesar da promessa de proteção ou de estratégias de proteção, os COEs envolvem riscos elevados. Um deles é o risco de crédito, pois esses produtos não são cobertos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), deixando o investidor vulnerável à inadimplência do emissor ou ao decréscimo do valor dos ativos de base.

Como ocorreu com produtos ligados aos títulos da Ambipar e da Braskem, o valor desses títulos caiu drasticamente devido às dificuldades financeiras das empresas. Quando os títulos perdem valor, o COE também se desvaloriza ou tem seu resgate antecipado, muitas vezes com prejuízos significativos para o investidor, como explica Gabriel Santos, da Bloxs.

Caso XP, BTG e perdas crescentes

Investidores que aplicaram em COEs ligados às dívidas da Ambipar e Braskem enfrentam perdas próximas a 93%. A crise dessas empresas, agravada pelo anúncio de recuperação judicial da Ambipar e pela rebaixamento de crédito da Braskem, levou à desvalorização de títulos que compunham esses produtos.

Os COEs de crédito, baseados em títulos de dívida, têm seu valor afetado pela saúde financeira do emissor. Assim, se o emitente enfrenta dificuldades, o valor de mercado dos títulos e, consequentemente, o valor resgatável do COE, tende a despencar, explica Jeff Patzlaff, planejador financeiro.

Os prejuízos variam de acordo com o caso: investidores com COEs ligados à Ambipar receberam apenas 6,88% do valor investido, enquanto aqueles na Braskem resgataram entre 26,62% e 36,97%, conforme dados de comunicados oficiais.

Falta de transparência e possíveis medidas

Relatos em plataformas como Reclame Aqui e Reddit indicam que muitos investidores não compreenderam totalmente os riscos envolvidos, especialmente sob a alegação de “capital protegido”. Especialistas alertam que essa proteção depende das regras contratuais e da solvência do emissor, o que nem sempre é claramente explicado previamente.

Além disso, a ausência de cobertura pelo FGC e a complexidade dos produtos dificultam a avaliação real do risco. Assim, há uma necessidade de maior fiscalização e maior clareza por parte das instituições financeiras e reguladores, avalia Marcus Valverde, do escritório de advocacia especializado.

Perspectivas e chamada por maior regulação

O volume de COEs negociados no Brasil atingiu R$ 90 bilhões em 2024, com crescimento de 16% em relação ao ano anterior, segundo dados da B3. Ainda assim, a participação dos COEs de crédito, mais expostos aos riscos, é significativa.

Especialistas defendem que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deve rever as regras desses produtos, garantindo maior transparência e proteção ao investidor, principalmente aqueles com menos conhecimento financeiro. Enquanto isso, órgãos e entidades de defesa estudam ações coletivas para evitar novos prejuízos.

Investidores devem ficar atentos à documentação e às condições contratuais ao avaliar COEs, considerando que esses produtos oferecem potencial de ganhos elevados, mas também riscos desconsiderados pela maioria dos aplicadores.

[Fonte: G1]

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