Nos últimos dias, os alunos de Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, foram pegos de surpresa com a suspensão do “Ônibus da Liberdade”, um serviço essencial para as famílias que residem em áreas sem transporte público adequado. O veículo, que ajudava a levar estudantes para 13 escolas municipais, não circula há mais de uma semana, e a situação se tornou crítica, com muitos alunos enfrentando longas distâncias a pé.
Desafios diários para os estudantes
A falta do “Ônibus da Liberdade” tem causado grande preocupação entre os moradores. Sem o transporte, as crianças e adolescentes precisam caminhar por mais de 30 minutos, enfrentando diferentes condições climáticas, como lama, poeira, sol e até chuva. Para muitos, a jornada se tornou um desafio diário que impacta diretamente na educação e no bem-estar. “Chega muito cansado. Muito. Aí acaba sujando a sala, porque o pé está sujo”, lamentou Rai, um dos alunos afetados.
A realidade é ainda mais difícil para estudantes com necessidades especiais. Isaque, de 12 anos e diagnosticado com autismo, relata como o transporte é vital para sua rotina. Sua mãe, Zelma, expressou a preocupação com a saúde do filho. “Você vê que ele sente falta do ônibus, do ir e vir, porque a gente vai andando. São 35 minutos até chegar à escola”, disse.
A voz das mães
As mães estão unidas em sua indignação. Alessandra, mãe de Rai, ressaltou a dificuldade enfrentada devido às condições de saúde do filho. “Meu filho tem bronquite. Essa dificuldade é pior, porque eles não podem pegar chuva e piora a situação”, disse ela. A situação é semelhante para outras mães, como Mayara da Silva Pimentel, que não hesitou em expressar sua preocupação: “Cadê o Ônibus da Liberdade? A gente precisa. Tem muitas crianças que precisam ir pra escola.”
Patrícia Coutinho, uma das mães que desistiu de levar sua filha à escola a pé devido ao mau tempo, também fez questão de enfatizar a necessidade de melhorias. “A gente é pobre, mas quer o melhor pros filhos. A gente espera que no futuro tenha calçamento e um ônibus bom pra ir e vir”, revelou.
A origem do problema
O “Ônibus da Liberdade” faz parte de um projeto da Prefeitura do Rio destinado a ajudar famílias de comunidades carentes, como os bairros Foice, Conjunto Nova Esperança e Florais de Guaratiba. Este veículo, que antes passava a cada 30 minutos, atendia cerca de 3 mil famílias, mas, segundo os residentes, o serviço tem se deteriorado até chegar ao ponto de parar de circular completamente. Eles relatam a perda gradual do serviço, culminando na ausência do ônibus. “Desisti. Ela não foi pra aula, tá em casa com o pai”, disse Patrícia sobre sua filha.
A resposta da Prefeitura
A Secretaria Municipal de Educação se manifestou, explicando que a interrupção do serviço se deu por conta de um problema de estacionamento irregular na Rua Aloés, onde o ônibus circula. De acordo com a prefeitura, a estreiteza da via impede a manobra dos veículos. Eles informaram que medidas seriam tomadas, prometendo que os carros irregulares seriam rebocados após o recepção de reclamações através do número 1746. Contudo, os moradores criticam a falta de ação preemptiva, ressaltando que a responsabilidade pela remoção de veículos e pela manutenção do transporte é da própria administração municipal.
Enquanto isso, alunos de Guaratiba continuam a enfrentar longas caminhadas sob sol e chuva, em busca de uma educação que deveria ser acessível a todos. A expectativa é que a Prefeitura tome as providências necessárias para reestabelecer um serviço que se mostra crucial para a comunidade.