A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu, nesta quarta-feira (8), 35 pessoas em Nilópolis, na Baixada Fluminense, integrantes de uma quadrilha envolvida no denominado “golpe da oração”. Operando como uma central de teleatendimento, o grupo prometia rezas personalizadas em troca de dinheiro, utilizando um aplicativo de inteligência artificial (IA) para gerar os textos religiosos.
Funcionamento do golpe
De acordo com a delegada Isabele Conti, da Delegacia de Nilópolis, o esquema criminoso estava ativo há pelo menos dois anos e, durante esse tempo, arrecadou aproximadamente R$ 3 milhões. As vítimas eram atraídas por meio das redes sociais, onde um pastor, apontado como líder da quadrilha, realizava postagens instigando as pessoas a procurarem a central em busca de “milagres” ou “revelações divinas”.
As atendentes ligavam para os fiéis e, após colher informações sobre problemas pessoais, como doenças, questões financeiras ou conflitos familiares, utilizavam o aplicativo de IA para criar uma oração específica. A produção do texto era feita de forma automatizada, e a vítima não tinha ideia de que a reza era gerada artificialmente. O custo médio por cada “oração” era de R$ 50.
Impacto na comunidade
O impacto desse golpe é significativo, especialmente em uma área onde muitas pessoas buscam conforto e soluções espirituais para suas dificuldades. O uso de tecnologia para explorar a vulnerabilidade emocional dos indivíduos levanta questões sobre a ética e a responsabilidade de empresas que oferecem serviços de natureza espiritual.
Durante a operação policial, foram encontrados documentos que demonstravam a tabela de preços das orações, evidenciando a estrutura organizada da quadrilha. Todos os envolvidos responderão por estelionato e associação criminosa, crimes que podem resultar em longas penas de prisão.
Como as vítimas podem se proteger
A Polícia Civil fez um apelo para que qualquer pessoa que tenha sido afetada pelo golpe procure a Delegacia de Nilópolis para registrar uma ocorrência formal. O estelionato requer a representação da vítima para que a investigação possa avançar.
Especialistas ressaltam a importância de estar atento a promessas de soluções rápidas e milagrosas, especialmente em tempos de dificuldades financeiras ou de saúde. É essencial questionar a procedência de serviços que oferecem apoio espiritual e buscar referências antes de se comprometer financeiramente.
Repercussão na mídia
O caso chamou a atenção da mídia e gerou discussões sobre a necessidade de regulamentação dos serviços de oração e aconselhamento espiritual, uma vez que muitos podem se sentir vulneráveis e inclinados a buscar ajuda em momentos de crise. Além disso, a consciência sobre os riscos apresentados por esquemas fraudulentos como este é crucial para prevenir novos episódios semelhantes.
Muitos brasileiros são atraídos por promessas de cura e ajuda em tempos difíceis, e golpes como esse exploram a boa-fé das pessoas. As autoridades alertam para que todos os cidadãos se mantenham vigilantes e críticos em relação a ofertas incomuns de ajuda, especialmente quando há um pedido de pagamento envolvido.
Por enquanto, a investigação continua, e novas prisões podem ocorrer à medida que a polícia avança na coleta de provas e depoimentos de vítimas. As ações da Polícia Civil visam não apenas coibir práticas fraudulentas, mas também oferecer suporte às pessoas afetadas para que não se sintam sozinhas em suas dificuldades.
Com a operação da polícia, espera-se que a comunidade se mobilize para denunciar casos semelhantes, quebrando o ciclo de exploração e resgatando a integridade espiritual que deveria ser oferecida aos necessitados.