Brasil, 9 de outubro de 2025
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Irmã Orla Treacy recebe doutorado honorário por trabalho em Sudão do Sul

Irmã Orla Treacy é homenageada pela sua dedicação há 19 anos na educação de meninas em meio à guerra e fome no Sudão do Sul

A Universidade Pontifícia de Maynooth, na Irlanda, concedeu na última sexta-feira (27) o doutorado honorário à Irmã Orla Treacy, por sua significativa contribuição na transformação da vida de centenas de jovens meninas no Sudão do Sul. A cerimônia ocorreu em nota de reconhecimento à dedicação da religiosa, que há 19 anos atua no país africano em meio à instabilidade e conflito armado.

Reconhecimento de uma trajetória dedicada à educação e direitos humanos

Participaram do evento o Arcebispo Eamon Martin, da Arquidiocese de Armagh, e o Arcebispo Séamus Patrick Horgan, pioneiro do núncio apostólico no Sudão do Sul. Segundo o padre John-Paul Sheridan, diretor de programas educacionais da universidade, a homenagem celebra a exemplar trajetória de Treacy na promoção da educação de meninas, sobretudo em regiões marcadas por conflitos e pobreza.

“A vida e o trabalho de Sister Orla representam os máximos valores de fé, justiça e dignidade humana que nossa universidade e a Igreja buscam promover”, afirmou Sheridan, destacando que a educação católica deve formar cidadãos críticos, compassivos e conscientes de sua vocação.

‘Ela nunca enterrará seus talentos’

De acordo com Sheridan, Treacy encarna a visão de Mary Ward, fundadora de sua congregação, que afirmou: “Não enterrem seus talentos que Deus lhes confiou para serem usados em serviço”. A religiosa viveu em Sudão do Sul por 17 anos, resistindo às dificuldades de um país com décadas de guerra e fome, sempre promovendo esperança e transformação.

Treacy destacou que, apesar dos desafios, a missão da escola que fundou evoluiu, incluindo uma escola primária, clínica de saúde e programas de bolsas de estudo e de estágio, formando uma nova geração de líderes mulheres. “Nossa esperança é que essas jovens possam contribuir para a paz e a justiça em seu país”, afirmou.

‘Uma missão profética’

Durante o discurso, o arcebispo Martin elogiou o compromisso de Treacy ao promover a dignidade de cada pessoa, principalmente de meninas e mulheres, em uma cultura muitas vezes marcada por opressão. “Sua atuação é um exemplo de resistência e esperança, traçando um caminho de paz onde antes havia conflito”, disse.

Treacy, que também recebeu o Prêmio Mulheres de Coragem pelo Departamento de Estado dos EUA em 2019, falou sobre a importância da esperança e da fé em tempos de adversidade. “Este é o Ano Jubilar da Esperança da Igreja Católica, e nossas jovens são faróis que nos desafiam a agir com coragem e fé”, declarou.

Legado e impacto na comunidade local

A irmã ressaltou que sua inspiração vem da fundadora Maria Ward e de Teresa Ball, pioneira do Instituto das Irmãs Loreto, que abriu 37 comunidades em sete países. Sua chegada ao Sudão do Sul, em 2006, ocorreu logo após uma guerra civil de vinte anos, em um momento de extrema necessidade. Desde então, ela tem dedicado sua vida a construir uma escola e uma comunidade de esperança.

Treacy destacou que, mesmo diante de inseguranças, inclusive uma nova ameaça de conflito civil, suas alunas continuam sonhando por um futuro melhor. Hoje, mais de 600 jovens, muitas delas mulheres, atuam, estudam, se casam e ajudam a transformar sua cultura, liderando processos de mudança em todo o país.

Ela também anunciou a expansão das atividades, incluindo o convite de ex-alunas para estabelecer uma nova missão na cidade de Awei, no norte do Sudão do Sul, onde a maioria da população é católica e ainda não tem presença religiosa ou educacional.

Missão de esperança em tempos desafiadores

Treacy finalizou sua fala reforçando a importância de persistir na esperança e de buscar novos caminhos, mesmo diante do cenário global de crise. “Rezo por um mundo onde possamos continuar a discernir a vontade de Deus, manter a paixão e compartilhar a luz de Cristo em lugares escuros”, afirmou.

O reconhecimento, que marca a primeira vez que ela recebe um doutorado honorário, celebra sua trajetória de coragem, fé e dedicação à causa da educação, direitos das mulheres e paz em uma das regiões mais instáveis do mundo.

(Esta matéria foi originalmente publicada na ACI Africa e adaptada pela CNA.)

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