Os fãs de séries mexicanas, como Quem matou Sara? e Chespirito: Sem querer querendo, têm agora a oportunidade de acompanhar As mortas, no original Las muertas, disponível na Netflix. Essa nova produção é uma adaptação do romance homônimo do escritor mexicano Jorge Ibargüengoitia, e se destaca pelo retrato intenso da vida em um bordel no interior do México durante a metade do século XX, sendo centrada em duas cafetinas que dominam o ambiente.
A adaptação da obra
As mortas é uma adaptação da obra publicada em 1977, considerada uma das principais criações de Ibargüengoitia, que se baseia em fatos reais sobre as irmãs González Valenzuela, conhecidas como As Poquianchis, cujos crimes foram chocantes e trágicos. A série conta com seis episódios que exploram a narrativa através de idas e vindas no tempo, apresentando a história sob diferentes perspectivas dos personagens, permitindo uma visão mais ampla e complexa dos eventos e relações apresentadas.
Um enredo envolvente
A trama gira em torno do bordel das irmãs Baladro, Arcángela e Serafina, interpretadas pelas atrizes Arcelia Ramírez e Paulina Gaitán, respectivamente. Ambientada entre as décadas de 50 e 60, a série mergulha nas complicações das relações interpessoais das protagonistas, evidenciando suas paixões, conflitos e os elos com a corrupção predominante na sociedade mexicana da época.
O tom de perda e violência é um dos aspectos mais impactantes da narrativa. As mulheres que são exploradas pelas cafetinas enfrentam situações de miséria e abuso, traçando um retrato sombrio, porém necessário, da realidade enfrentada por muitas na época. Essas histórias de vidas quebradas, aliadas a promessas não cumpridas, são o cerne emocional da produção.
Elenco talentoso
Além das atuações das protagonistas, o elenco de As mortas brilha com interpretações marcantes. A atriz Yessica Borroto Perryman interpreta Blanca, uma jovem que foi vendida por sua família para as cafetinas. Sua narrativa traz uma camada profunda de dor e desilusão ao enredo. Além disso, Mauricio Isaac se destaca como La Calavera, a “faz tudo” do bordel, trazendo uma performance que cativa e provoca reflexões.
Entre os personagens masculinos, destaque para Simón Corona, vivido por Alfonso Herrera, que representa uma das paixões de Serafina, e o corrupto Capitão Bedoya, interpretado por Joaquín Cosío, cuja presença ressalta as falhas do poder em um contexto já tão marcado pela corrupção.
Uma crítica social poderosa
As mortas é mais do que uma série de entretenimento; é uma verdadeira denúncia da violência de gênero e das relações de poder que permeiam a sociedade mexicana. A obra é bem escrita e dirigida, oferecendo uma análise crítica sobre os valores e a moralidade da época, revelando a fragilidade da vida de mulheres que muitas vezes não tinham escolha além de se submeter às circunstâncias em que foram colocadas.
Os efeitos provocados por esta narrativa evocam não apenas a empatia do público, mas também uma reflexão sobre o passado, trazendo à tona questões que, infelizmente, ainda são relevantes no contexto atual.
Por fim, As mortas é uma série que vale a pena ser assistida, seja pela força da história, pela profundidade dos personagens ou pela proposta de reflexão sobre temas urgentes e atuais.
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Assista o trailer de As mortas: