No mês de outubro, a revista L’Osservatore Romano destaca a importância das mulheres missionárias na Igreja, trazendo à tona o testemunho da irmã Simona Brambilla. Nomeada em janeiro como prefeita do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, Simona possui um longo histórico de missão, especialmente no Moçambique, onde esteve profundamente envolvida com o povo Macua.
A essência da missão
Questionada sobre o que significa ser missionária nos dias de hoje, irmã Simona Brambilla enfatiza que a missão é um chamado para participar do amor de Deus, que transborda para além de si mesmo. “A Igreja é missionária por natureza”, explica. Segundo ela, este chamado envolve sair de seu próprio contexto e cultura para se conectar com aqueles que não conhecem Cristo. “Precisamos tecer pontes entre diferentes experiências e sabedorias”, ressalta, destacando a importância do diálogo e do respeito mútuo.
A experiência em Moçambique
A experiência de irmã Simona em Moçambique, onde trabalhou com o povo Macua desde 2000, teve um impacto transformador em sua vida. Ela relembra os momentos de acolhimento que recebeu da população, o que lhe permitiu compreender a missão como um espaço de troca e aprendizado. “A missão revelou-se como um diálogo fecundo, onde o Evangelho se enriquece com as experiências locais”, afirma.
Simona também destaca que sua percepção sobre a beleza da missão foi ampliada pelas interações genuínas que teve com a comunidade. “Aprendi que a evangelização vai além de pregar; trata-se de reconhecer e valorizar as sementes de bondade e verdade que já estão presentes nas culturas”, explica.
A importância da missão em tempos desafiadores
Com um mundo cada vez mais globalizado e enfrentando crises culturais, ambientais, e espirituais, a irmã Brambilla afirma que a missão se torna ainda mais necessária. “Todos nós precisamos de amor genuíno e verdadeiro, e a missão nos ajuda a recuperar essa essência”, destaca, comentando sobre a nostalgia que muitos sentem por um amor verdadeiro. Para ela, o amor deve fluir e ser vivido em comunidade, e esse é o coração da missão.
Ela reflete sobre como a missão a despertou para a necessidade de servir aos que mais necessitam, em uma sociedade que muitas vezes ignora as dores e os sofrimentos alheios. “Enquanto houver irmãos e irmãs sofrendo, não podemos nos acomodar em uma vida tranquila”, enfatiza.
O papel da Igreja na missão contemporânea
Durante a conversa, irmã Simona discorre sobre seu papel na Igreja contemporânea. Para ela, ser missionária e ser parte da Igreja são inseparáveis. “A Igreja existe para evangelizar; é missão e comunicação do amor de Deus”, afirma. Ela acredita que a verdadeira essência da Igreja é ir às periferias, onde a mensagem do Evangelho ainda não chegou.
Simona destaca que sua experiência missionária a ensinou sobre a beleza da interculturalidade e do diálogo inter-religioso, elementos fundamentais para a construção de um mundo mais unido. Ela acredita que as interações entre diferentes culturas trazem um enriquecimento mútuo inestimável.
Conclusão da missão como transformação pessoal
Ao final da entrevista, irmã Simona Brambilla reflete sobre como sua jornada missionária a ajudou a cultivar uma sensibilidade nova para com a fragilidade e a vulnerabilidade. “Esses lugares são onde Deus ama habitar e evangelizar”, considera. Para ela, a missão não tem a ver apenas com grandes feitos, mas com a capacidade de amar e servir, mesmo nas pequenas ações do dia a dia.
Assim, irmã Simona convida todos a redescobrir o valor da missão, que é essencial não apenas para a vida da Igreja, mas para toda a humanidade, pois é através do amor que conseguimos construir um mundo mais justo e humano.