Adélio Bispo, de 47 anos, responsável pelo atentado contra o então candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro em 2018, passará por um novo exame psiquiátrico que avaliará sua periculosidade. A avaliação está prevista para acontecer nos próximos dias no Presídio Federal de Campo Grande, onde ele se encontra encarcerado.
O exame psiquiátrico e seus desdobramentos
Segundo informações apuradas pelo Metrópoles, a equipe encarregada de conduzir o exame será composta por dois psicólogos. Este laudo psicossocial terá um papel fundamental não apenas na avaliação da saúde mental de Adélio, mas também em determinar se ele continua a representar algum risco para a sociedade.
O resultado do laudo será crucial. Se for constatado que Adélio ainda apresenta transtornos mentais, poderá ser mantida a medida de segurança e o intervalo para uma nova reavaliação será estipulado. Caso o exame indique uma melhora significativa em seu estado, ele poderá até ser liberado, visto que não cumpre pena de prisão, mas sim uma medida de segurança. Nessa hipótese, poderia haver um acompanhamento ambulatorial, dependendo da decisão da Justiça.
Possibilidade de liberação
O parecer favorável à liberação de Adélio não é uma certeza, pois dependerá da avaliação judicial da situação. Atualmente, entende-se que essa possibilidade é remota, já que os magistrados têm optado por medidas que preservem a ordem pública. Adélio vive agora em um sistema prisional onde relatórios indicam que sua saúde mental deteriorou-se ao longo dos anos.
Em julho deste ano, surgiram relatos de que ele se negou a tomar medicamentos prescritos e até mesmo a tomar banho de sol, o que levanta questões sobre o seu estado psicológico atual. A recusa em aceitar tratamentos tem gerado preocupação sobre sua estabilidade mental e a segurança que poderia oferecer fora da instituição.
Isolamento e condições no presídio
Adélio está em um regime de isolamento e, segundo informações, não recebe visitas de familiares há mais de um ano. Durante sua estadia no sistema penitenciário, não leu nenhum livro e tem dificuldades em manter conversas com outros detentos, o que evidencia a sua situação de incapacidade social. Mesmo sendo considerado de alta periculosidade, não há previsão de transferência para outra unidade, mesmo que a complexidade de seu caso exija um tratamento mais apropriado.
Apenas uma reavaliação da situação poderá definir o futuro de Adélio no sistema prisional. Hoje, sua permanência está garantida até, pelo menos, 2038, quando completará 60 anos. Legalmente, ele foi considerado inimputável, ou seja, não responde a ações penais pelo atentado. Assim sendo, sua saída do sistema poderá ocorrer ao atingir essa idade, desde que o quadro clínico permita.
Condições do Presídio Federal de Campo Grande
A unidade em que Adélio se encontra é considerada uma das mais preparadas para lidar com detentos que apresentam problemas mentais, embora haja limitações em termos de estrutura e tratamentos adequados. Dentre as cinco penitenciárias federais do Brasil, Campo Grande é frequentemente citada como a melhor em termos de infraestrutura. Contudo, não se pode ignorar que a falta de alternativas seguras para tratamento psiquiátrico continua sendo um obstáculo no sistema penitenciário.
As próximas etapas na vida de Adélio Bispo dependem agora do resultado do exame psiquiátrico e da decisão judicial. O desenrolar dessa situação permanece um tema de grande interesse para a sociedade e para os órgãos de justiça, especialmente considerando o contexto do atentado e seu impacto na política brasileira.
O futuro de Adélio se revela incerto, enquanto o debate acerca da segurança pública e da saúde mental avança nas esferas da Justiça e da opinião pública.