Nesta semana, o Jornal Nacional dedicou uma série especial às mudanças na produção de alimentos frente às alterações climáticas. No episódio desta terça-feira (7), a reportagem destacou avanços tecnológicos que reduzem o impacto ambiental da produção de carne no Brasil, com destaque para projetos desenvolvidos em Mato Grosso do Sul e em São Paulo.
Inovações que minimizam a emissão de gases na pecuária
Um dos principais avanços é o uso de equipamentos que capturam o gás metano produzido pelos bovinos, responsável por 64% das emissões do agronegócio brasileiro, segundo o pesquisador da Embrapa Rodrigo Gomes. Esses dispositivos, colocados na narina do animal, recolhem o gás que é direcionado a reservatórios e analisado em laboratórios para desenvolver soluções que reduzam sua emissão. Produto adicionado à dieta do gado pode diminuir em até 40% a produção de metano pelos animais.
Recuperação de pastagens e agroambientalismo
Outra estratégia apresentada é a recuperação de pastagens degradadas, que representam cerca de 60% das áreas de pasto no Brasil. Técnicas como adubação do solo, manejo sustentável e integração de lavouras e pastagens têm permitido que o rebanho continue a crescer em áreas menores, além de aumentar o sequestro de carbono no solo. Manuel Macedo, pesquisador da Embrapa, ressalta que, em sistemas bem manejados, o carbono sequestrado pode superar o valor de áreas de vegetação natural, como o Cerrado.
Padrões de produção mais sustentáveis e certificações
Produtores brasileiros começaram a adotar práticas sustentáveis, como o manejo de pastagens e o controle do período de engorda dos bois, que reduz a emissão de gases. A fazenda da pecuarista Carla Namour, localizada no interior de São Paulo, prepara-se para receber a certificação de carne de baixo carbono, que exige o cumprimento de requisitos ambientais, de bem-estar animal e de manejo do solo. A carne certificada será utilizada na COP30, reforçando o compromisso do Brasil com a sustentabilidade.
Zero desmatamento e sistema silvipastoril
Outra alternativa, o sistema silvipastoril, combina árvores e pastagens, podendo contribuir para a produção de carne de carbono neutro. Apesar de reduzir a produtividade, essa técnica gera receitas adicionais com a exploração do mercado madeireiro e mantém o sequestro de carbono nas raízes das árvores. Empresários e pecuaristas brasileiros estão cada vez mais atentos à sustentabilidade, buscando equilibrar produção e preservação ambiental.
Perspectivas para o futuro da pecuária brasileira
A estimativa da Embrapa é que apenas a recuperação de pastagens possa mitigar até metade das emissões de gases do efeito estufa no setor. O uso de tecnologias, aliado ao manejo responsável, promete transformar a pecuária nacional, que é responsável por 20% das emissões brasileiras de gases de efeito estufa, conforme o SEEG do Observatório do Clima. “O Brasil tem uma oportunidade única de liderar uma produção de carne mais sustentável no mundo”, afirma Rodrigo Gomes.
Na próxima quarta-feira (8), o Jornal Nacional abordará os desafios que as mudanças climáticas impõem à produção de café no Brasil, destacando que inovações continuam a ser essenciais para proteger o agronegócio nacional.
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