Com o avanço da inteligência artificial, adolescentes têm utilizado ferramentas como o ChatGPT para diversas atividades, incluindo confissões e tarefas escolares. Essa convivência traz riscos, especialmente após casos graves nos EUA e a implementação de novos controles no Brasil, alinhados ao ECA Digital, vigente a partir de 2026.
1. Os riscos do uso do ChatGPT na adolescência
Um dos principais perigos é o vínculo emocional que adolescentes desenvolvem com a IA, que pode reforçar inseguranças e distorções de pensamentos. Segundo o psiquiatra Gustavo Estanislau, tratar a IA como confidente pode prejudicar o diálogo com pessoas reais e, em situações extremas, agravar quadros de automutilação ou pensamentos suicidas.
O uso da IA em tarefas escolares também é uma preocupação, pois coloca em risco o desenvolvimento de competências essenciais como a argumentação e o pensamento crítico. Estanislau explica que pular etapas no aprendizado prejudica a autonomia e a autoestima dos jovens.
A pesquisadora Laura Hauser, da PUC-SP, reforça que depender da IA como atalho mina habilidades humanas que se tornam mais importantes em um mundo dominado por tecnologia e criatividade.
2. Controle parental do ChatGPT: limitações e funcionalidades
O recurso de controle parental do ChatGPT permite que os responsáveis vincularem suas contas aos adolescentes, estabelecendo limites de uso e acessando um painel de controle. Nesse ambiente, é possível definir horários, bloquear geração de imagens, impedir interações marcadas por conteúdo sensível ou violento, além de monitorar mensagens relacionadas a automutilação ou suicídio.
Apesar das ferramentas serem uma vitória, especialistas como Núria López, da Technoethics, alertam que elas não são infalíveis. O teste realizado pelo Washington Post mostrou que, em menos de cinco minutos, um adolescente criou uma nova conta para burlar as restrições do controle parental, além de usar a IA no modo anônimo.
Além disso, a equipe da OpenAI monitora interações que indiquem risco de automutilação ou suicídio, enviando notificações aos responsáveis. No entanto, a própria companhia reconhece as limitações dessas medidas de segurança.
3. A chegada do ECA Digital e as mudanças na fiscalização
Com a sanção do Estatuto da Criança e do Adolescente Digital (ECA Digital), prevista para março de 2026, o Brasil pretende criar mecanismos mais eficazes de verificação de idade, impedindo que adolescentes burlam os controles atuais. Segundo a advogada Núria López, hoje o sistema de checagem é majoritariamente autodeclaratório, o que permite fácil manipulação.
O ECA Digital obriga plataformas a adotarem sistemas automáticos de aferição de idade, reforçando a proteção e o controle do acesso às tecnologias por menores. López reforça que a criação de um painel de controle pelos responsáveis, como o do ChatGPT, é um avanço, mas que ainda há desafios na implementação de mecanismos eficazes.
Perspectivas e responsabilidades na proteção de menores
Especialistas alertam que nenhuma ferramenta automática é suficiente para proteger adolescentes, e que o papel dos pais, educadores e toda a sociedade continua fundamental. Segundo Angelini, o controle automatizado deve vir acompanhado de orientações constantes e monitoramento humano.
O avanço do marco regulatório e os esforços das plataformas indicam uma direção mais segura, mas o consenso é de que o uso responsável da inteligência artificial depende da colaboração de todos os envolvidos.
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