A decisão de Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro, de se candidatar ao Senado por Santa Catarina nas eleições do próximo ano, trouxe à tona uma série de embates políticos dentro do Partido Liberal (PL). O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, que se apresenta como uma figura em ascensão, entra em oposição à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que apoia a deputada Caroline De Toni como candidata ao mesmo cargo.
A corrida eleitoral e os preferidos do PL
O cenário eleitoral em Santa Catarina se complica, uma vez que a deputada Caroline De Toni era vista como a favorita para a vaga no Senado. No entanto, a decisão de Carlos Bolsonaro em desbravar esse caminho acirrou os ânimos entre os aliados do ex-presidente, uma vez que o apoio da ex-primeira-dama a De Toni é forte e ela já expressou publicamente sua insatisfação com a baixa representatividade feminina na disputa.
Apesar de apenas duas vagas estarem abertas para o Senado, a previsão é que a segunda cadeira fique com Esperidião Amin (PP), que busca a reeleição e possui o apoio do governador Jorginho Mello (PL), o que torna a disputa ainda mais acirrada. Amin é considerado um nome que atrai mais eleitores, e conta com um histórico de lealdade a Jair Bolsonaro.
Os interesses em jogo e a pressão feminina
A disputa por candidaturas no PL não se reduz apenas à luta de poder entre os políticos. Michelle Bolsonaro, agora presidente do PL Mulher, é uma defensora da inclusão de mais mulheres na política e já manifestou descontentamento em conversas com Valdemar Costa Neto, presidente do PL, sobre a falta de mulheres na disputa pelo Senado.
Valdemar reconheceu a dificuldade em acomodar as candidaturas e teve que ponderar entre o desejo dos bolsonaristas e a pressão por uma representação feminina mais robusta. Ele reconheceu que, embora Caroline De Toni seja uma candidata querida, a preferência de Carlos Bolsonaro por Santa Catarina cria um dilema para a composição da chapa.
A força do bolsonarismo em Santa Catarina
A estratégia de Carlos de correr em Santa Catarina é vista como uma tentativa de unir o bolsonarismo, uma vez que o estado foi fundamental para a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições passadas, onde recebeu 69,27% dos votos válidos no segundo turno. Este histórico impulsiona a crença de que é possível eleger dois senadores da linha bolsonarista, um fator que poderia modificar o equilíbrio de poder no Senado e facilitar ações contra o Supremo Tribunal Federal (STF).
Enquanto isso, a deputada Caroline De Toni decidiu não comentar a situação, mas fontes próximas a Michelle afirmam que ela se queixou da falta de atenção ao pedido por uma candidatura feminina em Santa Catarina. A pressão sobre o PL é palpável, e a decisão final sobre a chapa ainda está sendo debatida.
Relações familiares e posicionamento de Carlos
A relação entre Carlos e Michelle já foi conturbada, com diversos desentendimentos ao longo dos anos. Entretanto, em um momento recente, Carlos elogiou Michelle durante uma transmissão ao vivo, referindo-se a ela como uma “guerreira”. Apesar do suporte verbal, Michelle não se opôs diretamente à decisão de Carlos, o que indica uma possível tentativa de manter a paz familiar em meio a um cenário político tenso.
Carlos Bolsonaro está se preparando para deixar seu cargo de vereador e fixar residência em São José, na Região Metropolitana de Florianópolis. A escolha do município, com menor apelo turístico e uma forte presença de clubes de tiro, reflete uma estratégia de conquistar a base conservadora no estado. Ele já está em busca de um apartamento para residir durante sua campanha.
Enquanto a disputa pelo Senado em Santa Catarina avança, a pressão para incluir mais mulheres nas candidaturas e o embate familiar entre os Bolsonaro vão definir não apenas as escolhas do partido, mas também o futuro político do PL em um estado onde a influência da família ex-presidente é significativa.