O governo brasileiro está disposto a negociar com os Estados Unidos a eliminação de tarifas, sanções e restrições comerciais, buscando uma retomada mais favorável às exportações brasileiras. A conversa entre o presidente Lula e Donald Trump, na manhã de segunda-feira, marcou o começo de tratativas que envolvem temas como minerais críticos, regulação digital e tarifas sobre produtos brasileiros, como etanol.
Diálogo e expectativas na relação Brasil-EUA
Na tarde de segunda-feira, Trump declarou estar aberto a negócios com o Brasil, após a conversa telefônica com Lula, na qual ressaltou a boa relação e o interesse em ampliar a cooperação comercial. “Gostei dele e tivemos uma ótima conversa. Sim, vamos começar a fazer negócios”, afirmou o republicano, sem detalhar os assuntos das negociações.
Segundo fontes do governo brasileiro, a previsão é de que os dois líderes se encontrem na próxima cúpula da ASEAN, na Malásia, no fim do mês. A reunião deve consolidar os próximos passos nas negociações, que abrangem a redução de tarifas e o acesso a minerais estratégicos como lítio, cobre e terras-raras.
Minerais críticos e interesses econômicos
Uma das principais demandas dos EUA é o acesso aos minerais críticos do Brasil, utilizados em setores de energia renovável, mobilidade elétrica, defesa e alta tecnologia. O governo Lula admite negociar, mas exige contrapartidas como investimentos e transferência de tecnologia.
Washington também busca diminuir a tarifa de 18% sobre o etanol brasileiro, bem como reduzir a carga tributária sobre bebidas alcoólicas, incluindo uísque americano, atualmente em 19,5% de IPI. As negociações incluem ainda a facilidade na entrada de produtos americanos no Brasil, como filmes, videogames e equipamentos médicos.
Outros temas em pauta
Outros assuntos discutidos envolvem maior participação de empresas brasileiras em compras governamentais e o mercado de usados, além de a questão de regras mais transparentes para produtores americanos de calçados e roupas.
Na área de telecomunicações, o governo dos EUA criticou requisitos da Anatel para importação de produtos de telecomunicações e mencionou a possibilidade de debater temas como satélites, proteção de dados e registro de patentes de medicamentos, que consideram burocráticos no Brasil.
Desafios e contrapartidas
O governo Lula sinaliza que as negociações serão conduzidas com base no diálogo com o setor privado brasileiro, sem decisões unilaterais. Auxiliares afirmam que o Brasil também está atento às investigações do uso de práticas comerciais que prejudicam empresas americanas, sob a legislação dos EUA, principalmente na Seção 301 da Lei de Comércio.
Entre as questões levantadas por Washington estão temas relacionados ao desmatamento, corrupção e propriedade intelectual, além de assuntos cotidianos como o Pix e produtos vendidos na Rua 25 de Março, em São Paulo.
Perspectivas para o futuro
Especialistas destacam que a retomada do diálogo com os EUA pode abrir oportunidades de avanços econômicos e tecnológicos para o Brasil, desde que haja equilíbrio na negociação. Além disso, o governo americano reforçou que a prioridade é o fortalecimento de cadeias de suprimento estratégicas e o acesso a minerais essenciais.
O desejo de ambos os lados é que as tratativas avancem de forma pragmática, buscando benefícios mútuos e evitando confrontos comerciais que possam prejudicar os setores produtivos de ambos os países.