A Prefeitura de São Paulo anunciou nesta segunda-feira (6) a realização de um novo censo da população de rua, programado para 2025. A decisão vem após o processo de licitação realizado na última quarta-feira (1º), com o intuito de atualizar as informações sobre uma das questões sociais mais críticas da cidade.
Dados divergentes sobre a população de rua em São Paulo
O último censo realizado pela prefeitura ocorreu em 2021 e os resultados foram divulgados em 2022. No entanto, os dados coletados pela gestão de Ricardo Nunes (MDB) divergem das informações disponibilizadas pelo governo federal e outras organizações que tratam da população em situação de vulnerabilidade. Especialistas apontam que uma metodologia mais precisa é essencial para desenvolver políticas públicas eficazes para este grupo.
Um levantamento feito pela TV Globo, com base nos dados do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), revela que aproximadamente 109.981 pessoas estão vivendo na rua na Grande São Paulo. Deste total, 98.666 residem na capital, representando 90% da população de rua da região. Em contrapartida, os números apresentados pelo censo da prefeitura são significativamente inferiores, apontando apenas 31.884 pessoas nessa situação. Essa discrepância gera preocupações sobre a real dimensão do problema e a eficácia das políticas públicas direcionadas a essa população.
Contestações e desafios nos dados
A prefeitura contesta as informações do governo federal, mas não atualiza sua própria base de dados desde 2021. Cláudia Adão, assistente social e doutora pela Universidade de São Paulo (USP), explica que a diferença nos números ocorre devido à metodologia utilizada nos levantamentos. O CadÚnico apresenta uma base cumulativa, onde pessoas atendidas ao longo do tempo podem ser registradas múltiplas vezes, o que resulta em números superestimados. Já o censo realizado pela prefeitura capta uma “fotografia” da situação em uma única noite, o que pode não refletir a totalidade dos indivíduos em situação de vulnerabilidade.
Cláudia aponta que a combinação dos dados do CadÚnico e dos censos, além de uma frequência maior nas pesquisas, poderia oferecer uma visão mais clara e precisa da situação da população de rua em São Paulo.
Desigualdade nas abordagens entre municípios
A situação se torna ainda mais complicada em cidades adjacentes, como Guarulhos, a segunda maior do estado, onde dados sobre a população em situação de rua são inexistentes. Embora as informações do CadÚnico indiquem a presença de mais de 2.700 pessoas vivendo nas ruas, o município não possui números atualizados sobre esta realidade. Em resposta à crise de dados, a Prefeitura de Guarulhos anunciou que irá realizar um levantamento próprio em 2026, ressaltando que a falta de informações impacta diretamente nos serviços oferecidos aos vulneráveis.
Aumento da população de rua nos últimos meses
Dados recentes indicam que quase 3.000 pessoas passaram a viver em situação de rua na cidade de São Paulo apenas no primeiro trimestre deste ano. Este aumento se soma ao total de 96.220 pessoas em março, contra 93.355 em janeiro. No estado, o número é igualmente preocupante, com 143.509 em março, comparado a 140.543 em janeiro.
Além disso, uma análise do levantamento do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBPopRua) revela que 84% das pessoas afetadas são homens, e 81% vivem com até R$ 108 mensais. O acesso à educação também é alarmante, com mais da metade (52%) não tendo finalizado o ensino fundamental ou nem mesmo apresentando escolaridade.
Esperança no novo censo e futuras políticas públicas
Com a realização do novo censo programado para 2025, espera-se que as autoridades possam finalmente contar com dados mais precisos e atualizados. Isso deve permitir a formulação de políticas públicas mais eficazes e direcionadas, abordando as causas reais da desigualdade e da vulnerabilidade urbana.
Enquanto isso, o debate sobre a necessidade de uma abordagem integrada e humanizada no tratamento da população de rua deve continuar a ser uma prioridade. O encontro e o diálogo entre o governo, as instituições e a sociedade civil são cruciais para transformar essa realidade.
Para mais informações sobre o censo e a situação da população de rua em São Paulo, confira a reportagem completa [neste link](https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/10/06/prefeitura-de-sp-diz-que-fara-novo-censo-da-populacao-de-rua-em-2025-ultimo-levantamento-e-de-2021.ghtml).
