Circula nas redes sociais um vídeo que sugere que adesivos colados em frutas indicam o uso de pesticidas e a aplicação de cera para dar brilho, mas a informação não condiz com a realidade. Especialistas explicam que os códigos nos adesivos, chamados de Price Look-Up (PLU), apenas indicam o tipo de cultivo e a variedade da fruta.
O que revelam os códigos dos adesivos
No vídeo, um homem afirma que se o código começar com o número 4, a fruta teria sido cultivada com pesticidas e recebe uma camada de cera para brilho. Conforme explica o professor Jorge A. W. Gut, do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC), da Universidade de São Paulo (USP), essa interpretação está incorreta. Os códigos com quatro dígitos, como “4134”, identificam variedades específicas, como maçã Gala grande, por exemplo.
Segundo ele, a etiqueta com o código “94131” indica uma maçã Fuji cultivada de forma orgânica, sem o uso de fertilizantes ou pesticidas químicos. Esses números são padronizados internacionalmente e não revelam se uma fruta recebeu camadas extras de cera ou outros tratamentos além da coloração natural do alimento.
Cera em frutas e sua utilização na produção
Uso de cera e legislação no Brasil
O professor explica que a maçã, por exemplo, possui uma camada natural de cera que serve para proteger contra machucados e perda de umidade. Algumas frutas exportadas podem receber uma camada adicional de cera de origem natural, como a de folha de palmeira de cárnaúba, que é considerada segura e até recomendada por órgãos reguladores.
Em entrevista ao Fato ou Fake, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que o uso de ceras e substâncias como ésteres graxos pode ser autorizado para proteger frutas após a colheita, protegendo-as contra deterioração e prolongando sua vida útil. No Brasil, essa prática é regulamentada, mas não está relacionada aos códigos dos adesivos.
Esclarecimentos finais e recomendações
Portanto, a presença de um código de quatro dígitos na etiqueta não indica o uso de pesticidas ou cera para brilho. Além disso, o número 9 na frente do código sinaliza que a fruta é de cultivo orgânico, livres de fertilizantes e pesticidas químicos, mas também não revela se a fruta recebeu camadas extras de cera.
Produtores brasileiros de maçã, de acordo com especialistas, geralmente não utilizam cera na produção. Portanto, consumidores podem confiar que a etiqueta PLU não é um indicador de tratamentos adicionais na fruta além do método de cultivo.
Para tornar a compra mais segura, recomenda-se lavar bem as frutas antes do consumo. Assim, evita-se qualquer resíduo de produtos utilizados na pós-colheita, sem se preocupar com interpretações incorretas dos códigos nas etiquetas.
Para mais esclarecimentos, confira a matéria completa no G1.