Na última sexta-feira, Petrobras e Pluspetrol realizaram a primeira importação de volumes de gás natural não convencional de Vaca Muerta, na Argentina, por meio de uma operação inédita. A iniciativa faz parte do acordo entre as empresas e suas subsidiárias, Posa e Gas Bridge Comercializadora, e busca testar o potencial logístico e comercial para aumentar a oferta de gás no Brasil.
Importação de gás de Vaca Muerta marca avanço estratégico
Foram importados 100 mil metros cúbicos de gás produzido na região de Neuquén, na Argentina, transportados via gasodutos até a Bolívia e, de lá, enviados ao Brasil. Segundo a Petrobras, a operação visa avaliar a operacionalidade do novo processo, que permite a importação de até 2 milhões de metros cúbicos diários de gás natural pelo contrato com a Argentina.
“Novas operações de importação ocorrerão conforme as oportunidades comerciais sejam identificadas”, informou a estatal em nota oficial. A iniciativa ocorre em um momento em que a produção de gás na Bolívia tem apresentado declínio, produzindo atualmente apenas metade dos 30 milhões de metros cúbicos diários previstos em contrato.
Conexões e desafios logísticos para o gás argentino
Para que o Brasil possa importar diretamente o gás de Vaca Muerta, é necessário concluir obras de infraestrutura, como o Gasoduto Presidente Néstor Kirchner. A primeira etapa, que conecta a região de Neuquén a Saliqueló, na província de Buenos Aires, já está em funcionamento, mas a segunda etapa, ligando Saliqueló a San Jerónimo, ainda precisa ser concluída. Além disso, há previsão de uma ampliação até o gasoduto que conecta a região sul do Brasil a Uruguaiana, no Rio Grande do Sul.
Na infraestrutura brasileira, também é necessária a construção de uma interligação entre Uruguaiana e Porto Alegre, atualmente operada por uma malha de 25 quilômetros pela TSB, empresa controlada por Petrobras, Ipiranga, Repsol e Total. Caso essa ligação seja consolidada, será preciso ajustar o Gasbol, que hoje funciona como uma “via de mão única”, transportando gás do Mato Grosso do Sul ao Rio Grande do Sul. Para atender à demanda de Minas Gerais e outras regiões, o fluxo deverá ser invertido, possibilitando uma espécie de “pista dupla”.
Contexto e perspectivas futuras da importação de gás
Desde o ano passado, o presidente Lula vem reivindicando a ampliação da importação de gás da Argentina para suprir a crescente demanda da indústria brasileira. A operação, que utiliza o gás produzido na Vaca Muerta, reforça a estratégia de diversificação de fontes de energia e busca reduzir os preços internos do gás, atualmente mais elevados devido à limitação na produção nacional e à instabilidade na Bolívia.
Além disso, a Petrobras aposta na expansão de sua produção de gás no pré-sal e na modernização da infraestrutura para aumentar a oferta interna. Segundo fontes do setor, o Brasil continuará explorando oportunidades de importação de gás argentino, mesmo enquanto avança na conclusão das obras de infraestrutura necessárias para uma conexão mais direta e eficiente.
Mais informações sobre a operação e os planos futuros podem ser acompanhadas na matéria original do Globo.