Brasil, 6 de outubro de 2025
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Taxa Selic deve permanecer alta por longo período, diz presidente do BC

Gabriel Galípolo ressalta que o Brasil vive um momento de emprego formal ímpar, mas a inflação continua uma preocupação.

Em uma palestra na Fundação Fernando Henrique Cardoso (IFHC) em São Paulo, o presidente do Banco Central do Brasil, Gabriel Galípolo, abordou a política monetária e a situação econômica do país. Durante o evento, realizado na última segunda-feira (6), Galípolo afirmou que a Taxa Selic, atualmente em 15%, deve se manter em um “patamar restritivo por um período bastante prolongado”.

Brasil em período de geração de empregos

Galípolo destacou que o Brasil está vivendo o que considera o “período de geração de emprego formal mais exuberante das últimas três décadas”. Essa dinâmica, no entanto, está gerando pressões inflacionárias que dificultam a meta de inflação do país, que é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, elevando o limite para 4,5% ao ano.

“Nós estamos para além do pleno emprego… Provavelmente é o mercado de trabalho mais exuberante das últimas três décadas. É menos um crescimento de gente que está chegando no mercado de trabalho por questão de crescimento demográfico e mais de gente que voltou para a força de trabalho”, explicou o presidente do BC. Essa reentrada de trabalhadores tem sido vista como um fator positivo, mas Galípolo ressaltou a importância de que o crescimento do emprego esteja associado a um aumento na produtividade, para garantir a sustentabilidade a longo prazo.

Pressões inflacionárias e a Selic atual

Durante a palestra, Galípolo também comentou sobre as recentes pressões inflacionárias, especialmente nos preços dos alimentos, que contribuíram para a elevação da Selic de 12,25% para 15% ao ano. O aumento da taxa foi uma resposta ao cenário inflacionário que, em abril, apresentou uma inflação de alimentos de 16,6% nos itens que compõem o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

“Em abril, tínhamos 57% dos itens do IPCA apresentando inflação superior ao dobro da meta de inflação. Isso indica que a situação não era pontual”, destacou Galípolo. Atualmente, a inflação geral é de 5,1%, o que ainda está acima do teto da meta de 4,5%. “A meta é 3%. A gente persegue a meta de 3%, mas estamos ainda muito longe”, lamentou.

Expectativas para a inflação e a Selic

O presidente do Banco Central afirmou que a instituição compartilha a visão do Boletim Focus do mercado financeiro, que não prevê a inflação convergindo para a meta até 2028. “A gente vislumbra a manutenção da taxa de juros num patamar restritivo por um período bastante prolongado para produzir essa convergência”, anunciou.

Galípolo comentou ainda que a elevação dos juros foi necessária para lidar com as pressões inflacionárias que afetam os preços dos alimentos. “Realizamos uma elevação de praticamente 450 pontos base na taxa de juros. Essa taxa, mesmo sendo elevada, proporciona alguma segurança e é uma resposta direta ao aquecimento observado”, justificou.

Conclusão: a importância da sustentabilidade econômica

Em resumo, a análise de Galípolo sobre a economia brasileira apresenta um cenário de otimismo moderado. Enquanto a geração de emprego formal é um ponto positivo, as pressões inflacionárias exigem cautela e uma estratégia mais restritiva em relação à taxa de juros. Para o Banco Central, o desafio é garantir que o crescimento do país seja sustentável, com aumento de produtividade capaz de suportar a realidade econômica sem inflacionar excessivamente os preços. O caminho pela frente é longo e repleto de desafios, mas a meta continua clara: convergir para a inflação de 3%.

Os próximos passos do Banco Central e as respostas do mercado a essas medidas certamente continuarão a ser pontos focais nas discussões econômicas brasileiras nos meses seguintes.

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