No dia 4 de outubro, no salão polivalente da Comunidade de Santo Egídio em Nampula, líderes religiosos se reuniram para celebrar o 33º aniversário da assinatura do Acordo Geral de Paz de Moçambique. O evento, marcado pelo lema “Apostar na Paz”, contou com a participação do Padre Abel Baptista Sicanso, que ressaltou a importância da reconciliação, do perdão e da partilha como pilares fundamentais para a construção de uma paz duradoura no país.
A importância da paz na visão cristã
O Padre Abel Sicanso, ao iniciar sua fala, fez uma reflexão profunda sobre o valor da paz sob a perspectiva cristã, citando a Carta de São Paulo aos Gálatas (5, 22-23). Ele lembrou que “a paz é dom de Deus e fruto do Espírito Santo”, e que se manifesta através de atributos como o amor, a alegria, a bondade, a fidelidade, a mansidão e o domínio próprio. Para o sacerdote, esses frutos são essenciais para cultivar um ambiente de paz em Moçambique, onde, atualmente, muitos enfrentam a discórdia e a violência.
“Nosso contexto atual é marcado pelo medo e pela morte. Em tempos como estes, precisamos resgatar o sentido da paz. Não se trata apenas de um estado de tranquilidade, mas de um compromisso ativo com a construção de um ambiente pacífico em nossos lares e comunidades”, afirmou Sicanso. Ele enfatizou que a paz deve ser um projeto coletivo, envolvendo a responsabilidade de cada cidadão na condução de sua vida diária.
O papel do diálogo e do perdão
Durante o encontro, o sacerdote exortou os presentes a olharem para o diálogo e o perdão como instrumentos essenciais para a reconcili ação e a superação das divisões que ainda persistem na sociedade moçambicana. “A nossa independência deve ser um meio para a consolidação da paz. Devemos, dia após dia, cultivar o bem comum”, concluiu Sicanso.
A reflexão do Padre Sicanso ecoa a necessidade de um compromisso contínuo com a paz, que é uma construção diária a ser realizada por todos. A Comunidade de Santo Egídio, anfitriã do evento, tem desempenhado um papel significativo na promoção da paz e da harmonia inter-religiosa em Moçambique, reunindo diferentes confissões em prol de um objetivo comum.
O evento concluiu-se com um chamado à prática dos valores evangélicos, enfatizando que a paz não é apenas um desejo, mas um dever que deve ser cultivado diariamente. A união entre as diversas religiões e com a sociedade civil é vista como um caminho fundamental para a construção de um sistema social mais justo e pacífico.
A construção diária da paz em Moçambique
Os apelos do Padre Sicanso foram claros: a construção da paz exige ação consciente e comprometida. Ele pediu que os moçambicanos se unam em torno de ações que promovam a paz e a justiça, cuidando uns dos outros e compartilhando oportunidades para todos. “Para que a paz seja duradoura, devemos comprometer-nos com o diálogo, a reconciliação e a partilha. Somente assim poderemos garantir um futuro de harmonia e desenvolvimento para nosso país”, finalizou.