O jubileu dos catequistas, que culminou com a Eucaristia presidida pelo Papa Leão XIV no domingo, 28 de setembro, foi um momento de grande importância para a Igreja e para os fiéis. Durante o evento, cinco catequistas representaram Moçambique, sendo que quatro deles receberam do Papa o ministério de catequista, reforçando a relevância dessa missão em contextos marcados por dificuldades, especialmente na região de Cabo Delgado.
A importância da missão dos catequistas
Em entrevista à Rádio Vaticano, os catequistas destacaram a urgência de sua missão na difusão da mensagem de esperança, especialmente em um cenário desafiador como o conflito em Cabo Delgado. Os cinco representantes moçambicanos relataram a alegria e a importância de sua participação no jubileu, descrevendo a experiência como um privilégio raro, onde tiveram a oportunidade de se encontrar com o Santo Padre.
António Fernando Uarrota, catequista da Diocese de Chimoio, sublinhou a relevância do catequista nas diversas paróquias e comunidades, que são compostas por diferentes idiomas e culturas. “Através do trabalho dos catequistas, a Palavra de Deus chega a todos os cantos, mesmo diante das dificuldades que enfrentamos”, afirmou.
Desafios em Cabo Delgado
Dois dos catequistas pertencem à Diocese de Pemba, uma região que tem sido severamente afetada por ataques jihadistas. Paulo Agostinho Matica, que atua na Paróquia São Bento de Palma, mencionou as dificuldades inerentes a seu trabalho, especialmente em meio à guerra. “Muitos estão deslocados devido à violência, mas mesmo assim, continuamos a realizar a catequese em Palma”, destacou.
Francisco Jamal Tarige, catequistas na Paróquia Santa Isabel de Chiúre, também sinalizou a falta de recursos e o difícil trabalho de acolhimento aos deslocados internos. “Na nossa paróquia, temos apenas 22 catequistas para atender a uma população em necessidade, e é difícil testemunhar a fé e acolher refugiados”, afirmou. Ele enfatizou que, apesar dos desafios, o serviço na catequese é realizado com alegria e dedicação.
A solidariedade na catequese
Adérito Benjamim Monteiro, atuando na Paróquia Nossa Senhora da Consolata de Montepuez, também destacou os obstáculos enfrentados pelos catequistas, como a falta de materiais didáticos e formação inadequada. “É um desafio enorme, mas continuo a trabalhar com a esperança de servir a nossa comunidade”, disse ele, refletindo sobre sua participação no jubileu.
Cristóvão Artur Micunda, catequista em Pemba, compartilhou a realidade de sua paróquia, onde há muitas comunidades a serem atendidas. “A nossa cidade é um centro para refugiados, e é essencial que, mesmo diante da escassez de recursos, possamos unir todos em torno da mensagem de esperança e paz”, enfatizou.
Um chamado à ação
Estes relatos de testemunhos mostram não apenas a resiliência dos catequistas em meio a adversidades, mas também a importância de sua missão na propagação da fé. Como destacou António Uarrota: “Nós, catequistas, precisamos reconhecer o chamado que Cristo nos faz para servir em Sua Igreja”.
O jubileu dos catequistas não foi apenas uma celebração, mas um convite à reflexão e à ação. Em um mundo marcado por conflitos e incertezas, a missão desses homens e mulheres é um farol de esperança, mostrando que, apesar das dificuldades, a fé pode prevalecer e unir comunidades em torno de valores comuns de paz e amor.

Os testemunhos e as experiências dos catequistas moçambicanos nos lembram que, mesmo nas situações mais desafiadoras, a fé e a solidariedade podem transformar vidas. Esta missão continua sendo vital não apenas para a comunidade, mas para a própria Igreja, que se propõe a ser um agente de esperança e reconciliação no mundo.