O Brasil, maior potência do futebol de cegos entre os homens, marca um novo marco em sua trajetória esportiva ao participar, pela primeira vez, da Copa do Mundo feminina da modalidade. A competição teve início em Kochi, na Índia, neste domingo (5) e, para a alegria dos torcedores, as brasileiras não decepcionaram. Na estreia, a equipe venceu as donas da casa por 1 a 0, garantindo um início promissor.
Um gol que fez história
O gol da vitória foi anotado por Eliane Gonçalves, a atleta mais experiente do time, com 39 anos. A partida, que consiste em dois tempos de 20 minutos e conta com cinco jogadores por equipe — sendo quatro cegos e um goleiro com visão normal — teve seu momento decisivo com a finalização de Eliane, que aconteceu aos seis minutos do segundo tempo. A jogadora conseguiu chutar a bola com a ponta do pé, logo antes de ela entrar na área e ser defendida pela goleira indiana, Harshada Sandeep. Um momento emocionante: apesar de uma colisão entre as duas, Eliane conseguiu se levantar rapidamente para celebrar sua conquista com as companheiras.
Próximos desafios na competição
A expectativa para os próximos jogos é alta. As jogadoras brasileiras voltam a campo à meia-noite de terça-feira (7), horário de Brasília, enfrentando a Inglaterra. A fase de grupos se encerra na quarta-feira (8), às 8h, quando o Brasil encontrará a Polônia. Apenas os dois primeiros colocados avançarão para as semifinais, que estão programadas para sexta-feira (10), onde enfrentarão os melhores do grupo oposto, que conta com Argentina, Canadá, Japão e Turquia. A grande final ocorrerá no sábado (11), prometendo ser um evento imperdível.
Desafios da viagem e preparação
Não foi uma jornada fácil para a seleção. As jogadoras enfrentaram mais de 20 horas de viagem de São Paulo a Kochi e tiveram seu primeiro treino em solo indiano somente na última sexta-feira (3). A TV Brasil acompanhou o último treino das brasileiras antes da estreia no Mundial, com uma reportagem exibida no programa Stadium de sexta-feira e no telejornal Repórter Brasil de sábado (4).
O panorama do futebol de cegos
Esta edição da Copa do Mundo de futebol de cegos é a segunda na história do torneio. A primeira ocorreu em 2023, em Birmingham, na Inglaterra, com a Argentina levando o título ao vencer o Japão na final por 2 a 1. Vale lembrar que, até agora, o Brasil não tinha uma seleção feminina na modalidade. O futebol feminino para deficientes visuais ainda não está presente nas Paralimpíadas, embora a versão masculina faça parte do evento desde 2004, em Atenas, na Grécia, onde o Brasil se consagrou campeão nas cinco primeiras edições.
Nos Jogos de Paris, que ocorrerão em 2024, a seleção enfrentou desafios e acabou sendo eliminada na semifinal pela Argentina, mas garantiu a medalha de bronze ao vencer a Colômbia. A vitória na prova foi um consolo após a história de dominação que o Brasil firmou no futebol de cegos masculino, com cinco títulos mundiais. Na última edição, o Brasil obteve a terceira posição, após perder para a China na semifinal, enquanto a Argentina se sagrou tricampeã.
Ao avançar nessa nova fase do futebol feminino de cegos, o Brasil se junta a um movimento crescente de inclusão e celebração das capacidades de atletas com deficiência. O mundo do esporte testemunha o surgimento de novas histórias de superação e conquistas, e o empoderamento dessas jogadoras inspirará futuras gerações. A expectativa é que suas performances no Mundial não apenas elevem o nível da competição, mas também aumentem a visibilidade e o apoio ao futebol feminino adaptado no Brasil e no mundo.