Brasil, 5 de outubro de 2025
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Sister Norma Pimentel denuncia clima de medo entre imigrantes na fronteira

A religiosa, conhecida como “a freira das imigrações”, alerta para o aumento do temor nas comunidades devido às operações de deportação nos EUA.

Durante participação na Conferência “Refugiados e Migrantes em Nossa Casa Comum”, na Santa Sé, Sister Norma Pimentel, líder da Humanitarian Respite Center, afirmou que o aumento nas detenções por parte do ICE (Immigration and Customs Enforcement) tem criado um ambiente de medo generalizado na região do Rio Grande Valley, no Texas. Ela destacou que as operações de deportação têm atingido comunidades inteiras, gerando insegurança até mesmo em atividades cotidianas, como ir ao supermercado.

‘Raids estão acontecendo em todos os lugares’

“As pessoas estão extremamente assustadas… sabem que em qualquer lugar podem ser abordadas, e não podem sequer sair para fazer compras, pois as operações de deportação acontecem em todos os cantos”, explicou a freira, conhecida por sua atuação em defesa dos refugiados e migrantes. Ela relatou que, no ano passado, a Centro de CCRGV foi alvo de um pedido judicial do Procurador-Geral do Texas, que buscava obrigar uma representante da organização a depor sobre os esforços de auxílio aos imigrantes. A ação, porém, foi posteriormente rejeitada por um juiz.

Pimentel reforçou que o medo se espalhou também entre os moradores da região, que temem ajudar alguém por receio de represálias: “Se eu ajudar, talvez algo aconteça comigo também”, ela contou à ACI Prensa, parceiro de notícias em espanhol da CNA, logo após participar do encontro no Vaticano. Ela destacou a importância de ressaltar a dignidade dos migrantes e de denunciar as violências que enfrentam, para que a sociedade não perca a sensibilidade diante das dificuldades deles.

Sister Norma Pimentel fala com o Papa no Vaticano em 2 de outubro de 2025. Crédito: Vatican Media
Sister Norma Pimentel fala com o Papa no Vaticano em 2 de outubro de 2025. Crédito: Vatican Media

Encontro do Papa com migrantes e a importância de uma cultura de reconciliação

O encontro, parte do Jubileu dos Migrantes, foi o primeiro de uma série de reuniões promovidas pelo Vaticano para dialogar sobre os desafios das migrações. Durante o evento, o Papa Leo XIV reforçou a necessidade de promover uma cultura de reconciliação e esperança como caminhos essenciais para enfrentar as “questões urgentes” relacionadas à migração.

‘Ser pró-vida é defender os imigrantes’

Para Sister Norma, a mensagem do Papa reforça que “não se pode dizer que se é pró-vida se não se defende a vida dos imigrantes”. Ela afirma que muitas pessoas, ao ouvirem relatos de sofrimento de migrantes, se sensibilizam e compreendem que por trás de cada história há uma face de Cristo. “Ver uma criança chorando e pedindo ajuda com lágrimas nos olhos faz toda a diferença”, afirma.

Sister Norma, que atua ao lado do bispo de Brownsville, Daniel Flores, explica que sua missão é acolher os migrantes com dignidade e mostrar que eles são parte integrante da Igreja. “Estamos na linha de frente para encorajar uma convivência pacífica, ajudar a construir uma comunidade solidária, e fazer a nossa parte em meio a uma hostilidade crescente”, ela declarou.

Apesar do esforço, ela reconhece que os recursos são insuficientes frente à magnitude da crise humanitária. “Nos sentimos às vezes sobrecarregadas, mas continuamos a fazer o possível para lembrar a esses imigrantes que eles não estão sozinhos”, conclui.

Para ela, o mais importante é humanizar essas histórias, para que mais pessoas possam sentir a dor e a esperança desses indivíduos. “Quando nos aproximamos de quem sofre, nosso coração se conecta e tudo muda”, finaliza.

Este texto foi originalmente publicado pela ACI Prensa, parceira de notícias em espanhol da CNA. A tradução e adaptação foram feitas pela CNA.

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