Um professor visitante da Harvard Law School foi colocado em licença administrativa após supostamente disparar um rifle de chumbinho do lado de fora de uma sinagoga em Brookline na véspera de Yom Kipur. O caso está gerando polêmica e levantando questões sobre segurança e comportamento nas comunidades religiosas.
O ocorrido em Brookline
Carlos Portugal Gouvea, de 43 anos, foi preso na noite de quarta-feira após a polícia relatar que ele disparou duas vezes nas proximidades do Templo Beth Zion, na Beacon Street. Segundo informações do Brookline.News, Gouvea justificou seus atos afirmando que estava “caçando ratos”.
Apesar de investigar o caso, a polícia não acredita que Gouvea estivesse visando a sinagoga, mas ele foi processado no Tribunal Distrital de Brookline por descarregar ilegalmente uma arma de chumbinho, conduta desordeira, perturbação da paz e dano malicioso à propriedade. O boletim de ocorrências detalha que a ação da polícia foi grande, envolvendo mais de uma dúzia de oficiais, especialmente enquanto os congregantes se reuniram para os serviços que marcam um dos dias mais sagrados do calendário judaico.
Reação da Harvard Law School
O porta-voz da Harvard Law School, Jeff Neal, confirmou à imprensa que Gouvea foi colocado em licença enquanto a escola investiga mais sobre o caso. A Harvard Crimson foi o primeiro veículo a reportar essa suspensão. Até o momento, a instituição não anunciou outras ações disciplinares, e o Post buscou comentários de Harvard Law, do Templo Beth Zion e do próprio Gouvea, mas não obteve respostas.
Após os disparos, dois seguranças privados que trabalhavam na sinagoga abordaram Gouvea após ouvirem os “dois fortes tiros” e o verem segurando o rifle. Ao tentarem detê-lo, Gouvea teria se desfeito da arma antes que uma breve luta física ocorresse. A polícia informou que Gouvea então correu para sua residência nas proximidades antes de se rendê-lo.
A situação se agrava
Encontrando-se sob custódia, Gouvea foi rapidamente algemado e preso. Relatórios policiais indicam que uma janela de carro foi quebrada e uma bala de chumbinho foi encontrada dentro do veículo. Ele foi apresentado ao tribunal na quinta-feira e se declarou inocente de todas as acusações. Foi liberado sob reconhecimento pessoal e deve retornar ao tribunal no início de novembro.
Contexto preocupante para a comunidade judaica
O episódio ocorre em um momento sensível, já que a comunidade judaica estava observando os dias sagrados. Recentemente, um ataque em uma sinagoga em Manchester resultou em mortes e ferimentos, aumentando a preocupação sobre a segurança das comunidades religiosas. Autoridades britânicas detiveram seis pessoas suspeitas de ofensas terroristas durante a investigação do caso.
Os acontecimentos em Brookline levantam questionamentos sobre como as universidades lidam com o comportamento de seus funcionários e a segurança das comunidades ao seu redor. A Harvard Law School, que já está sob escrutínio por sua resposta a questões de antisemitismo e segurança em seu campus, certamente estará revisitando suas políticas à luz deste incidente.
Gouvea, que é um ex-aluno da Harvard Law School e possui um doutorado pela universidade desde 2008, também é professor associado na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e lidera um think tank brasileiro focado em justiça social e ambiental.
As informações sobre a investigação e quaisquer novas ações disciplinares por parte da Harvard Law School ou outras instituições ainda são aguardadas. Gouvea comparecerá ao tribunal novamente em novembro e pode enfrentar repercussões mais severas dependendo do desfecho do caso.
A situação destaca a necessidade de um diálogo contínuo sobre segurança e respeito nas interações entre as instituições acadêmicas e as comunidades que elas servem.