Em uma recente entrevista ao jornal O GLOBO, o senador Ciro Nogueira (PP) abordou as expectativas da direita para as eleições presidenciais de 2026. Segundo ele, a definição sobre quem representará a oposição deve ser acompanhada de perto, e a escolha pode ser anunciada já em janeiro do próximo ano. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, é visto como um candidato forte, embora sua recusa em priorizar a reeleição possa gerar polêmica.
A expectativa sobre os candidatos da direita
Nogueira afirma que acredita que o presidente Jair Bolsonaro já tenha um nome em mente para a candidatura, sugerindo que a revelação poderá ocorrer em dezembro. Ele especula que apenas o próprio Bolsonaro ou seus filhos, como Flávio ou a ex-primeira-dama Michelle, podem ter a informação exata sobre quem será o escolhido.
Entre os nomes cogitados, Nogueira destacou dois que poderiam ter chances viáveis: Tarcísio de Freitas e Ratinho Júnior. Ele ressaltou que ambos têm uma taxa de rejeição menor em comparação a Bolsonaro e apresentam um alto percentual de desconhecimento, o que implica um potencial de crescimento significativo nas pesquisas eleitorais. No entanto, Nogueira enfatiza que a viabilidade deles depende do apoio do ex-presidente.
Tarcísio de Freitas: potencial e limitações
Nogueira enfatiza que é “impossível” Tarcísio não aceitar uma candidatura se for convocado por Bolsonaro. Ele apresenta Tarcísio como uma figura de adesão e sucesso, ressaltando que a história dele no governo de São Paulo foi resultado da orientação do presidente. Durante a conversa, ele também mencionou que Tarcísio não demonstra incômodo com as divisões atuais no partido e que ele parece estar focado na unificação da direita.
No entanto, mesmo com um forte apoio, Tarcísio ainda hesita em declarar uma candidatura. Nogueira revela que a conversa com Tarcísio sugere que ele está disposto a ouvir a proposta de candidatura ao Planalto, mas ainda se sente mais confortável construindo uma base sólida dentro da política atual.
Eduardo Bolsonaro e a dinâmica da direita
Durante a entrevista, a presença de Eduardo Bolsonaro como pré-candidato à presidência também foi debatida. Nogueira afirmou que acredita que Eduardo tenha legitimidade para se candidatar, dado o contexto político em que seu pai se encontra, mas frisou que há um longo caminho até que ele possa viabilizar sua candidatura. Nogueira argumenta que a direita precisa de um candidato que unifique as diversas facções do partido e que Eduardo, atualmente, encontra-se fora do Brasil, o que pode prejudicar sua campanha.
Em relação ao futuro vice na chapa, Nogueira comentou que ainda não se posicionou sobre a sua preferência. Ele elogiou a senadora Tereza Cristina como uma possível candidata a vice e mencionou que a escolha deve ser cuidadosamente alinhada ao perfil do candidato principal.
Balanço da direita e desafios políticos
O senador admitiu que a falta de bom senso na direita pode levar a uma derrota em 2026. Ele ressaltou a importância da união entre os diferentes segmentos, incluindo a centro-direita. Ao mesmo tempo, ele minimizou a ideia de que a candidatura de Eduardo Bolsonaro poderia atrapalhar a situação, reforçando que todos têm o direito de colocar seus nomes à disposição.
Críticas e diretrizes futuras
Nogueira também comentou sobre a crescente influência do ex-presidente Lula, ao afirmar que o erro está do lado da direita. Segundo ele, a narrativa negativa em relação ao governo Lula se alternou com enganos nas estratégias políticas da direita. Ele avalia que a necessidade urgente de redefinir as prioridades do Congresso é fundamental, a fim de abrir caminho para uma nova configuração estrutural que contemple, entre outros pontos, a questão da anistia para figuras políticas.
A demanda por uma votação sobre dosimetria, em particular, foi um tema relevante, com Nogueira defendendo que a votação ocorra rapidamente para não prolongar os impasses que podem prejudicar ainda mais a imagem da direita frente à opinião pública.
A partir das falas de Ciro Nogueira, percebe-se que a corrida presidencial de 2026 está longe de ser apenas uma definição de nomes, mas sim uma complexa trama política onde a união e estratégia da direita podem ser determinantes para o sucesso nas eleições.