Brasil, 5 de outubro de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Mais da metade dos brasileiros rejeita polarização política

A pesquisa revela que 54% da população se posiciona distante do lulismo e bolsonarismo a um ano da eleição presidencial.

A um ano da eleição presidencial de 2026, um novo levantamento da ONG More in Common, coordenado pelo pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) Pablo Ortellado, indica que mais da metade dos brasileiros (54%) possui opiniões que não se alinham com a polarização entre lulismo e bolsonarismo. Esses eleitores, descritos como “invisíveis”, podem desempenhar um papel crucial no desenrolar da disputa pelo Planalto. Ao se definirem como conservadores em valores, mas menos radicais, essa massa pode mudar o curso da eleição, conforme revelam dados da pesquisa realizada em parceria com a Quaest.

A importância dos eleitores invisíveis

Os entrevistados foram classificados em diferentes grupos, sendo que os “invisíveis” estão em sua maioria no centro do espectro político, apresentando uma divisão quase igual entre os desengajados (27%) e os cautelosos (27%). Estes grupos se destacam por estarem à margem do debate político formal, representando uma parte significativa da população que se sente despolitizada, embora e tenha opiniões firmes. De acordo com Ortellado, “essas pessoas têm opiniões consistentes, mas não se manifestam em protestos ou nas redes, sendo, assim, invisíveis no debate público”.

Esses eleitores também se revelam voláteis, o que coloca um desafio para os candidatos que almejam conquistar seus votos. Entre os desengajados, 30% alegaram ter votado nulo, branco ou não comparecido às urnas em 2022. Além disso, 65% deste grupo não se identificam com nenhum partido político, o que demonstra um distanciamento significativo do processo eleitoral tradicional.

Características dos grupos centristas

Os “cautelosos”, por sua vez, apresentam características que os tornam vulneráveis a problemas sociais. Com apenas 11% tendo concluído o ensino superior e 55% ganhando menos de R$ 5 mil, este grupo representa um panorama socioeconômico mais desafiador. A maioria é nordestina (31%), rural (17%) e católica (48%). Apesar de seu maior nível de engajamento em relação à participação em protestos (26%), eles ainda mostram-se menos ativos do que segmentos mais polarizados da sociedade.

A pesquisa, que ouviu 10 mil pessoas de todas as regiões do país entre janeiro e fevereiro deste ano, revela que há uma crescente fadiga política entre a população. Segundo as respostas, a polarização política tem gerado um clima de hostilidade e aversão entre os cidadãos, fazendo com que muitos se afastem dos debates públicos. Joyce Soares, uma jovem de 22 anos, exemplifica essa condição ao afirmar que “a polarização tem feito as pessoas perderem o amor ao próximo” e que ela está desmotivada em participar das redes sociais por conta dos extremismos.

Ideais e preocupações

Os resultados da pesquisa também demonstram que, apesar de se posicionarem mais próximos a ideias conservadoras, muitos dos “invisíveis” se preocupam com questões como segurança econômica e serviços públicos de saúde, além do combate à pobreza. Essa dualidade entre ideais conservadores e necessidades sociais é um aspecto que pode influenciar quais candidatos esses grupos apoiarão nas próximas eleições.

Enquanto parte dos eleitores se manifesta contra a ideologização nas escolas e defende valores familiares, eles também mostram interesse em medidas sociais, como a isenção do Imposto de Renda para renda de até R$ 5 mil, um assunto que entrou em debate recente na Câmara. Joyce destaca que é importante unir-se para discutir política, mas lamenta a divisão existente entre os grupos, afirmando que “não há meio-termo”.

O que vem pela frente?

À medida que se aproxima a eleição de 2026, espera-se que a agenda política se desloque para questões sociais e econômicas, uma vez que muitos brasileiros estão “cansados” da polarização acirrada dos últimos anos. Lilian Sendretti, pesquisadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, ressalta que a politização tem gerado um esgotamento geral e que, na próxima eleição, os tópicos sobre políticas públicas devem ganhar maior destaque. Segundo ela, a moralização das pautas sociais poderá ter menos espaço, mas ainda será atraente para candidatos conservadores.

Com a crescente movimentação deste eleitorado invisível, o resultado das urnas pode não ser tão previsível quanto se imagina. Compreender as necessidades e preocupações desses “invisíveis” poderá ser fundamental para candidatos que buscam a vitória em um cenário em constante evolução pelo Brasil.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes