O Papa Leo XIV recebeu nesta semana o relatório “Nicarágua: Uma Igreja Perseguida”, elaborado pela pesquisadora Martha Patricia Molina. O documento detalha a proibição de mais de 16.500 procissões e atos de piedade, além de registros de mais de 1.000 ataques contra a Igreja Católica, cometidos durante o regime de Daniel Ortega e Rosario Murillo.
Relatório revela perseguição sistemática
O estudo, entregue por Muriel Sáenz durante audiência no Vaticano na terça-feira (2), aponta que a repressão à Igreja na Nicarágua intensificou-se desde 2022. “Tenho a esperança de que o Papa continue apoiando a denúncia global da ditadura, pois o silêncio apenas favorece a continuidade da violência”, declarou Sáenz à ACI Prensa. Segundo ela, “tudo está sendo documentado diariamente para que o Santo Padre saiba exatamente o que ocorre”.
Além da entrega do relatório, Sáenz enviou uma carta ao Papa reafirmando que a Igreja na Nicarágua permanece “em total comunhão” com o Vaticano, apesar das adversidades. Ela também apresentou cartas de vítimas do regime, incluindo sacerdotes, e entregou café nicaraguense ao Papa como símbolo de resistência.
Repressão e perseguição diárias
De acordo com Molina, o número de proibições de procissões na Nicarágua desde 2022 é contínuo e o relatório estima que a quantidade real de restrições seja pelo menos três a quatro vezes maior do que os registros oficiais, considerando a quantidade de igrejas e capelas no país. “Em Managua, há cerca de 400 paróquias e capelas, e o número de proibições pode atingir dezenas de milhares”, acrescentou.
Ela explicou ainda que, neste ano, foram registradas 32 agressões contra a Igreja por parte do governo, números que podem ser ainda maiores diante do clima de vigilância constante sobre sacerdotes, bispos e fiéis. “Alguns religiosos são perseguidos 24 horas por dia, com monitoramento por parte da polícia, que realiza fotografias e gravações de reuniões e atividades religiosas”, descreveu Molina.
Bishops em exílio e apoio internacional
Recentemente, o Papa Leo XIV recebeu três bispos da Nicarágua em audiência no Vaticano: o bispo Silvio Báez, exilado nos Estados Unidos; o bispo Isidoro Mora, de Siuna; e o bispo Carlos Herrera, exilado em Guatemala. “Ele me incentivou a continuar meu ministério episcopal e confirmou minha posição como bispo auxiliar de Managua”, relatou Báez após o encontro.
O relatório “Nicaragua: A Persecuted Church”, lançado em sua sétima edição em agosto, reforça que a repressão atingiu sobretudo líderes religiosos, com o regime impondo restrições às manifestações públicas desde 2022. “Todas as ações do regime, incluindo o combate às procissões e atos religiosos, têm se intensificado”, afirmou Molina.
Perspectivas e condenação internacional
Para Molina, a documentação e a denúncia são essenciais para que a comunidade internacional conheça a realidade enfrentada pelos católicos na Nicarágua. “Se a comunidade mundial não denunciar, a repressão continuará e muitos mais fiéis serão vítimas de agressões, prisões e torturas”, alertou.
Este esforço de denúncia ocorre em um momento em que a Igreja na Nicarágua busca manter sua presença espiritual e sua missão de apoio aos fiéis, mesmo sob perseguição constante. A comunidade internacional acompanha atentamente a situação, buscando pressionar o regime Ortega-Murillo a respeitar os direitos humanos e a liberdade religiosa no país.
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