Durante o CrimeCon, em Denver, dois investigadores de vida selvagem destacaram o uso de abordagens semelhantes às da policial científica para combater o crime ambiental e salvar espécies ameaçadas.
Investigação aprofundada para preservar espécies ameaçadas
Ed Newcomer, veterano ex-agente do Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA, revelou que as investigações vão além da simples captura de traficantes. Ele utiliza métodos de CSI, como cães farejadores e análise de terrenos, para descobrir crimes complexos de caça e tráfico de animais ameaçados de extinção.
“Nossa missão é salvar espécies, e isso é bem legal”, afirmou Newcomer, que atualmente apresenta o podcast “Nature’s Secret Service”.
Traficantes tratam animais como mercadoria
Segundo o especialista, o comércio ilegal de animais movimenta até US$ 20 bilhões por ano, sendo uma das atividades criminosas mais lucrativas do mundo, conforme a Interpol. Ele destaca que, na cadeia de tráfico, os animais são muitas vezes submetidos a condições cruéis.
“Traficantes não amam animais; eles os veem como mercadoria”, disse Newcomer. “Estão envolvidos por lucro, assim como os traficantes de drogas.”
Casos e dados chocantes do tráfico de animais
Newcomer relatou que, em trânsito, apenas 50% dos papagaios traficados do México sobrevivem, devido ao tratamento cruel, como serem enfiados em compartimentos secretos e terem as bocas tampadas.
Ele também trabalhou na investigação do último rinoceronte Javan que existia no Vietnã, em 2010. A equipe provou que o animal fora morto por tiros e que o chifre havia sido removido, um episódio que provavelmente marcou a extinção da subespécie vietnamita.
Investigação e desmistificação do crime ambiental
Newcomer explica que, para combater o tráfico, é preciso entender quem são os responsáveis e suas motivações. Medidas de educação são tão importantes quanto a ação policial.
Durante o trabalho, ele adotou táticas de investigação disfarçada, como na operação de fiscalização de fazendas de jacarés na Flórida, onde foi possível identificar ilegalidades na criação e exportação dos animais para mercados internacionais.
Inglês e estratégias de combate
Um exemplo recente foi a apreensão de uma cabeça de tartaruga-marinha em voos comerciais. Um casal na Califórnia foi denunciado após mencionar, sem saber, a posse ilegal de ossos de espécies protegidas, como uma forma de poaching que muitas vezes passa despercebida.
“É preciso questionar: quem demanda esses produtos? Quem compra? Quem são os traficantes?”, destacou Newcomer, enfatizando que a educação da sociedade é fundamental.
Próximos passos na luta contra o tráfico ilegal
Os especialistas esperam ampliar o uso de técnicas investigativas sofisticadas, como análise forense de cenas e rastreamento digital, para desmantelar redes que operam globalmente. A conscientização também deve crescer, para que o público evite comprar produtos ilegais e ajude na preservação.
“Se você compra um produto que provém de uma espécie ameaçada, você está contribuindo para sua extinção”, alertou Newcomer, que permanece otimista na busca por soluções globais para esse grave problema.