Na tarde de segunda-feira (29), um menino de 12 anos, diagnosticado com Síndrome de Tourette e ansiedade, foi brutalmente agredido por um colega dentro da sala de aula na Escola Estadual Zulmira Campos, em Santos, São Paulo. A família do aluno relatou que a violência ocorreu após a vítima ter avisado a professora que o agressor havia rasgado seu trabalho escolar. O caso levanta sérias preocupações sobre a gestão de conflitos e o tratamento de alunos com necessidades especiais nas escolas.
Agressão e omissão na escola
O pai da vítima, Denys da Silva Pereira, denunciou a omissão da escola, que não socorreu seu filho de forma adequada nem tomou as devidas providências em relação ao aluno agressor, que já possui um histórico de comportamentos violentos. Segundo Denys, a escola informou que não poderia expulsar o aluno agressor, que supostamente possui um diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) nível 2, mas nenhuma comprovação foi apresentada.
Após a agressão, a vítima foi socorrida pelos responsáveis e levada a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), de onde foi transferida para a Santa Casa de Santos devido a fortes dores na cabeça. Embora tenha recebido alta no dia seguinte, o ocorrido deixou marcas, tanto físicas quanto psicológicas, no menino, que agora reluta em voltar à escola.
Reação da Secretaria de Educação
Em resposta ao incidente, a Secretaria Estadual de Educação, por meio da Unidade Regional de Ensino de Santos, lamentou a situação e afirmou que os responsáveis pelo aluno agressor foram chamados para uma reunião de mediação. Contudo, essa resposta não foi suficiente para satisfazer a Família, que aguarda uma solução efetiva para o problema.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo reportou que o caso foi registrado como lesão corporal na Delegacia da Infância e da Juventude (Diju) de Santos, e as investigações estão em andamento. Entretanto, os detalhes permaneceram preservados em respeito à condição de menor de idade da vítima.
Cuidados e compreensão sobre a Síndrome de Tourette
A Síndrome de Tourette é uma condição neurológica caracterizada por tiques motores e vocais, que geralmente se manifesta na infância ou adolescência. Importante destacar que o diagnóstico é clínico e não é identificado por exames neurológicos. O tratamento pode envolver medicação e psicoterapia, que têm se mostrado eficazes para muitos pacientes.
Edson Amâncio, neurologista que explicou a condição ao g1, ressalta que, embora a Síndrome de Tourette possa ser confundida com transtornos obsessivo-compulsivos, as características da síndrome são distintas. Os ticos variam de pessoa para pessoa e podem incluir movimentos involuntários e vocalizações involuntárias, como gritos ou repetição de palavras.
A importância de abordar o bullying nas escolas
A experiência traumática vivenciada pelo menino de 12 anos reforça a urgência em se abordar o bullying e a violência nas escolas com seriedade. Denys, pai da vítima, fez um apelo aos demais pais para que estejam atentos à vida escolar dos filhos, promovendo conversas abertas e demonstrando preocupação em relação a possíveis situações de bullying. “Não é só jogar os alunos na escola”, disse ele, enfatizando a necessidade de um ambiente escolar seguro e acolhedor.
A história desse jovem aluno ilustra a necessidade de um olhar mais atento sobre as vulnerabilidades de crianças e adolescentes que enfrentam condições como a Síndrome de Tourette. Promover a inclusão e a empatia no ambiente escolar pode contribuir para evitar incidentes como esse, que não apenas ferem fisicamente, mas também traumas emocionais que podem durar por toda a vida.
Enquanto isso, a Secretaria Estadual de Educação prometeu reforçar ações de promoção da cultura de paz nas escolas, buscando proporcionar um ambiente mais seguro e acolhedor para todos os alunos. O caso permanecerá sob a supervisão das autoridades competentes, na esperança de evitar novas tragédias.