Durante a presença na Assembleia Geral das Nações Unidas, uma mensagem confidencial enviada ao secretário do Tesouro, Scott Bessent, revelou preocupações internas em relação a uma, potencialmente, controversa ajuda financeira a Argentina. A foto, capturada pela Associated Press na semana passada, evidencia o clima de apreensão entre os assessores do governo americano.
Texto aponta impacto do resgate à Argentina na economia dos EUA
A mensagem, enviada a Bessent em 23 de setembro, expressa a preocupação de que o resgate de aproximadamente US$ 20 bilhões ao governo argentino, anunciado oficialmente no dia seguinte, teria consequências negativas para o mercado de soja. Segundo o texto, a medida teria facilitado a Argentina a remover tarifas de exportação de grãos, aumentando a venda do produto para a China, o que, por sua vez, teria provocado queda nos preços do soja nos Estados Unidos.
“Estamos recebendo mais informações, mas isso é altamente lamentável”, afirma a mensagem. Ainda de acordo com o texto, a estratégia teria ampliado a influência da China nas negociações globais de soja, prejudicando os agricultores americanos.
Críticas internas e contexto internacional
Além da nota, há uma ligação a críticas do trader Ben Scholl contra a intenção de Bessent de resgatar a Argentina, agravando ainda mais a controvérsia sobre a decisão de ajudar um país com uma economia instável sob a presidência de Javier Milei. Este, conhecido por ações polêmicas, como presentear Elon Musk com uma motosserra decorada na conferência de direita CPAC, tem defendido cortes drásticos no gasto público.
Impacto nas relações comerciais com a China
Desde maio, a China, maior compradora de soja dos EUA, deixou de adquirir o produto devido às tarifas impostas por Trump, que provocaram a saída de compras americanas do mercado chinês. Como alternativa, a China tem intensificado as compras de Brasil e Argentina, deixando os produtores norte-americanos em situação delicada, conforme relatam fontes do setor agrícola.
Repercussões e apelos dos produtores de soja
Na última semana, a Associação de Produtores de Soja dos EUA (ASA) manifestou preocupação publicamente e pediu que Trump negocie de forma urgente com a China para evitar perdas ainda maiores. O presidente da entidade, Caleb Ragland, ressaltou que “os agricultores americanos não podem esperar mais” e que a economia do setor sofre enquanto seus concorrentes ganham espaço no maior mercado de soja do mundo.
Especialistas avaliam que a crise evidencia os riscos de estratégias de intervenção econômica que podem, inadvertidamente, prejudicar consumidores norte-americanos e industriais locais.
O governo dos Estados Unidos ainda não se manifestou oficialmente sobre a mensagem vazada, mas a repercussão interna e externa sugere um momento delicado no relacionamento entre agricultura, política econômica e influências internacionais.
A reportagem originalmente foi publicada pelo HuffPost e reforça os desafios enfrentados pelo setor agrícola dos EUA em meio às tensões comerciais globais.