Brasil, 3 de outubro de 2025
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Catadores de materiais recicláveis enfrentam dureza na vida

Estudo revela que a maioria dos catadores vive em condições precárias e carece de apoio social.

Uma nova pesquisa destaca as duras condições enfrentadas por catadores e catadoras autônomos de materiais recicláveis no Brasil. De acordo com o levantamento realizado pela Associação Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (Ancat), em colaboração com a Fundação Banco do Brasil, quase dois terços dessa classe trabalhadora vive em moradias precárias, e 44% enfrentam a realidade da rua. Com apenas 43% dos trabalhadores tendo acesso a algum programa social, a necessidade de políticas públicas para apoiar essa categoria se torna evidente.

Contexto e metodologia da pesquisa

A pesquisa foi conduzida em seis capitais brasileiras: Aracaju, Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba e Recife, e coletou dados de 2.140 catadores e catadoras. Esta amostra buscou compreender melhor as condições de trabalho e vida desses profissionais que têm um papel fundamental na sustentabilidade urbana.

Vulnerabilidade social e insegurança alimentar

Além das questões habitacionais, a pesquisa revela que muitos catadores e catadoras enfrentam insegurança alimentar. Um em cada cinco entrevistados relatou ter feito apenas uma ou nenhuma refeição no dia anterior à coleta dos dados. Cerca de um terço depende de doações, feiras livres ou abrigos para garantir a alimentação diária.

Os resultados evidenciam a vulnerabilidade extrema a que esses profissionais estão sujeitos, tanto nas condições de vida quanto na possibilidade de acesso a alimentos adequados. A falta de apoio social e infraestrutura coloca essas pessoas em uma situação crítica, deixando-os à mercê de condições insustentáveis.

Perfil dos catadores e desafios enfrentados

O estudo também trouxe à tona o perfil dos catadores no Brasil. A grande maioria deles são homens (70%) e pessoas que se autodeclaram pretas ou pardas (88%). Muitas vezes, esses indivíduos trabalham de forma individual, coletando materiais recicláveis a pé e transportando-os em sacos, o que demonstra a falta de recursos e condições adequadas para realizar essa atividade essencial.

Em relação à escolaridade, os dados são preocupantes: apenas 11% dos entrevistados concluíram o ensino médio e mais da metade (56%) não completou o ensino fundamental. Essa baixa escolaridade pode limitar as oportunidades e o acesso a melhores condições de trabalho, perpetuando um ciclo de pobreza.

Violência e discriminação no exercício da profissão

Infelizmente, a violência e a discriminação também fazem parte da rotina desses trabalhadores. Cerca de 46% relataram já ter vivenciado situações de violência, assédio ou discriminação enquanto exerciam suas funções. Estes fatores contribuem para a precarização ainda maior das suas condições de vida e trabalho.

A importância dos catadores na economia circular

Os catadores desempenham um papel essencial na economia circular, sendo fundamentais para o retorno de resíduos à cadeia produtiva. Roberto Rocha, presidente da Ancat, ressaltou em suas declarações a importância de oferecer apoio e implementar políticas públicas adequadas a essa classe trabalhadora. “São trabalhadores e trabalhadoras fundamentais na economia circular, contribuindo para o retorno de resíduos à cadeia produtiva e reduzindo a pressão sobre os recursos naturais”, afirmou.

Entre os catadores, uma grande parte coleta até 50 quilos de materiais recicláveis por dia, e 88% destinam esse material para ferros-velhos, onde o valor dos produtos recicláveis pode ser ainda mais reduzido devido à falta de uma política de valorização e apoio ao trabalho deles.

Conclusão

Os resultados da pesquisa realizada pela Ancat e pela Fundação Banco do Brasil evidenciam a necessidade urgente de apoio e inclusão social para os catadores de materiais recicláveis. O trabalho deles é vital para a sustentabilidade ambiental e a preservação dos recursos naturais. Sem a devida valorização e atenção, essa classe de trabalhadores continuará a enfrentar desafios significativos que impactam não apenas suas vidas, mas também a saúde do nosso planeta.

Restam esses questionamentos: como o governo e a sociedade civil podem agir para melhorar as condições de vida e trabalho dos catadores? O momento exige reflexão e ação para que se reconheça a importância desses trabalhadores e suas lutas diárias.

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