Em 3 de outubro de 2020, o Papa Francisco, conhecido como Papa Bergoglio, assinou a encíclica Fratelli tutti na cidade de Assis, um documento que se tornou um marco na busca pela fraternidade e amizade social entre os povos. Para celebrar o quinto aniversário dessa importante assinatura, o cardeal George Jacob Koovakad, prefeito do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso, e Nasaruddin Umar, ministro dos Assuntos Religiosos da Indonésia, compartilharam reflexões sobre seu significado e impacto.
A mensagem central da Fratelli tutti
A encíclica Fratelli tutti destaca, em suas frases iniciais, a importância do diálogo, que visa “estabelecer amizade, paz, harmonia e compartilhar valores e experiências morais e espirituais em um espírito de verdade e amor.” O cardeal Koovakad ressaltou como essa mensagem ressoa particularmente na Índia, onde o diálogo inter-religioso é vital. Ele lembrou da inclusão no texto de uma declaração dos bispos indianos, que aborda as atuais dificuldades e busca uma reflexão mais ampla sobre a fraternidade.
Um aspecto notável da encíclica é a conexão com o Documento sobre a Fraternidade Humana para a Paz Mundial, que o Papa Francisco assinou em Abu Dhabi junto com o xeque Ahmad Al-Tayyeb, em 2019. Ambos os documentos enfatizam a importância da coexistência pacífica entre diferentes líderes religiosos e culturais, um aspecto que vem se tornando cada vez mais relevante em um mundo marcado por divisões e conflitos.
Testemunhos de experiências inter-religiosas
O cardeal Miguel Ángel Ayuso Guixot, predecessor de Koovakad no Dicastério para o Diálogo Inter-religioso, também participou da reflexão sobre a encíclica. Em uma apresentação na Sala de Imprensa da Santa Sé, ele destacou o capítulo 8 da Fratelli tutti, que trata das religiões a serviço da fraternidade no mundo. Esta abordagem é fundamental para criar pontes de compreensão e respeito entre diferentes tradições religiosas.
Nasaruddin Umar, que teve um encontro significativo com o Papa em Jacarta, reforçou a mensagem da encíclica durante suas intervenções. Ao recordar a conversa, Umar mencionou que o Papa enfatizou a necessidade de transcender as barreiras de religião, raça e nacionalidade, promovendo a ideia de que todos são chamados a ser irmãos e irmãs. Ele citou o conceito islâmico de ukhuwah insaniyah, que significa fraternidade humana universal, como um dos pilares fundamentais do islamismo.
O impacto da Fratelli tutti no diálogo inter-religioso
Desde sua assinatura, a Fratelli tutti tem inspirado diversas iniciativas e diálogos em todo o mundo. As suas mensagens de fraternidade e cooperação em face dos desafios globais são especialmente urgentes em tempos de crises sociais, econômicas e ambientais. O Papa Francisco insiste que o desenvolvimento de uma cultura de encontro é crucial, onde as diferenças são respeitadas e utilizadas como uma forma de enriquecimento mútuo.
A mensagem da encíclica reverbera em diversos contextos, levando líderes religiosos e civis a se unirem para promover ações e reflexões que buscam um futuro mais harmonioso. A necessidade de reconciliação e solidariedade é mais evidente do que nunca na sociedade contemporânea, onde os conflitos e a intolerância parecem proliferar.
Reflexões e expectativas
Ao celebrarmos os cinco anos da Fratelli tutti, é essencial que continuemos a aprofundar o diálogo inter-religioso e a buscar o respeito mútuo entre as diferentes culturas. O legado da encíclica é um apelo à ação, lembrando-nos que a construção de um mundo mais pacífico e solidário depende do compromisso de todos nós. O futuro da fraternidade humana está em nossas mãos, e o diálogo é uma ferramenta poderosa que devemos continuar a utilizar.
A jornada pela convivência respeitosa e pela paz é contínua, e a Fratelli tutti nos proporciona uma luz a guiar nossas ações. Que nos inspire a todos a levar adiante esses ensinamentos, promovendo amizade, compreensão e amor ao próximo, independentemente de nossas diferenças.
