O futebol, esporte repleto de nuances, destaca-se também pela diversidade de estilos e estratégias. Para alcançar o sucesso, cada treinador possui suas convicções e preferências. Contudo, quando essas crenças se transformam em dogmas, pode haver um deslize significativo na busca por resultados. Atualmente, essa é uma reflexão necessária sobre o trabalho de Filipe Luís à frente do Flamengo, especialmente após o empate sem gols contra o Cruzeiro no Maracanã
A rigidez tática de Filipe Luís
As convicções do técnico são visíveis em sua abordagem de jogo e no perfil dos jogadores que utiliza. Filipe demonstra uma tendência a privilegiar a intensidade física em detrimento de soluções técnicas, o que levanta questionamentos sobre sua visão estratégica. Os torcedores se perguntam: seria sensato abrir mão de talentos como Pedro, um dos principais atacantes do país, em favor de uma marcação pressionada?
Esse tipo de escolha pode parecer imprudente, especialmente considerando que Pedro é um jogador decisivo, cuja presença em campo poderia alterar o resultado de uma partida. Substituir um jogador com tal qualidade por um estilo de jogo que talvez não se justifique minimiza a eficácia do time, gerando frustração nos torcedores e críticos.
Um esquema rígido para um time dinâmico
Filipe Luís, que iniciou sua trajetória como técnico com uma proposta tática flexível, parece ter se afastado dessa flexibilidade ao longo da temporada. Em suas coletivas, o treinador enfatizava ter várias formas de jogar. Entretanto, na prática, isso não se concretizou. O onze inicial frequentemente repete o mesmo padrão: pontas, dois volantes e um meia, sem variações significativas.
Adicionalmente, a insistência em escalar Bruno Henrique, mesmo em meio a uma temporada abaixo do esperado, suscitou dúvidas entre os torcedores. A escolha do jogador como prioridade no ataque, mesmo quando não está apresentando o seu melhor, revela uma falta de adaptação às demandas do jogo e às condições momentâneas da equipe.
Equilíbrio entre potencial e resultados
É fundamental esclarecer que essas observações não se tratam de críticas destruídas, mas sim de constatações relevantes sobre o potencial de Filipe Luís como técnico. Há um certo brilho em sua abordagem e a capacidade de entrega em campo é notável. Para o Flamengo, ter um treinador de sua qualidade é uma vantagem, mas seria prudente que ele refletisse sobre o equilíbrio necessário entre convicção e adaptabilidade.
No mundo dinâmico do futebol, a rigidez pode se transformar em dor de cabeça. Profundas convicções não devem se transformar em teimosia que pode custar a confiança da torcida e, eventualmente, o emprego do treinador. Filipe Luís precisa navegar com cautela, pois a evolução em sua carreira depende de um olhar mais atento às próprias convicções e à capacidade de adaptá-las conforme a necessidade. Assim, ele poderá construir um Flamengo ainda mais forte e competitivo.
O que está em jogo é a continuidade de um projeto que se vislumbra promissor, mas que precisa de ajustes e adaptações para não se perder em meio a insistência em um modelo de jogo rígido. O tempo mostrará se Filipe conseguirá fazer essa transição e se consolidar como um dos grandes técnicos da história do clube.
Em última análise, a trajetória de um time e de seu treinador é feita de desafios constantes e transformações necessárias. Resta saber se Filipe Luís estará à altura de responder a esses desafios e aprender com as experiências desta temporada.