Na última semana, o ex-presidente Donald Trump postou e logo deletou um vídeo gerado por inteligência artificial (IA), que mostrava uma suposta entrevista dele falando sobre “medbeds”, uma tecnologia fictícia associada a teorias de conspiração. A fala do político gerou repercussões e muitas dúvidas entre o público e especialistas em desinformação.
Reação oficial à publicação do vídeo AI de Trump
Em 1º de outubro, ao ser questionada por repórteres sobre o conteúdo — que parecia uma sessão de deepfake, uma técnica de edição ultrarrealista de vídeos — a assessora de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que o presidente viu e publicou o vídeo por vontade própria, tendo o direito de retirá-lo posteriormente. Ela destacou que Trump é “extremamente transparente” e que suas mensagens vêm diretamente dele pelas redes sociais.
Leavitt afirmou ainda: “Acredito que o presidente achou que era uma comunicação válida, e ele tem o direito de decidir o que publicar ou apagar. É uma questão de transparência dele.”
Reações nas redes sociais e questionamentos políticos
A resposta de Karoline Leavitt, no entanto, não satisfez os críticos. Internautas passaram a questionar a autenticidade da postura do ex-presidente diante de uma peça de desinformação criada por IA.
Um usuário comentou: “A questão não é o que ele faz, mas o quanto ele faz sem entender o que realmente está por trás disso.” Outro ponto de discussão foi a própria explicação de Leavitt, que foi interpretada por muitos como uma tentativa de minimizar a gravidade da situação.
O que são os “medbeds” e por que geram desconfiança?
O conceito de “medbeds”, que aparece no vídeo de Trump, está ligado a teorias conspiratórias envolvendo curas milagrosas e tecnologia avançada capaz de curar qualquer doença instantaneamente. Porém, essa ideia não passa de uma invenção sem qualquer respaldo científico, muitas vezes associada às divulgações do QAnon.
Segundo especialistas consultados pela BBC, essa narrativa reforça a desinformação e pode influenciar indevidamente a opinião pública, especialmente em momentos de crescente polarização política.
Futuro da desinformação e o impacto das deepfakes na política
Especialistas apontam que a disseminação de vídeos falsos, como o de Trump, representa um desafio crescente para o jornalismo e instituições democráticas, dado o potencial de manipulação emocional e política. A rápida propagação, mesmo após a retirada, demonstra a vulnerabilidade das redes sociais na luta contra a desinformação.
Segundo análise do blog da BBC, é crucial que os usuários estejam atentos às fontes e às possibilidades de deepfakes, além de fortalecer a educação digital para reconhecer conteúdo duvidoso.
Próximos passos no combate à desinformação digital
Diante de episódios como esse, órgãos responsáveis pela regulação da comunicação e plataformas de redes sociais vêm intensificando suas ações para detectar e remover conteúdos falsos de maneira mais ágil. Ainda assim, o episódio mostra que a tecnologia avança rapidamente, muitas vezes ultrapassando as ações regulatórias.
Para especialistas, educar o público sobre os riscos e as técnicas de manipulação digital é o caminho mais eficaz para reduzir os efeitos nocivos das deepfakes na política e na sociedade.