O debate sobre as políticas de inclusão nas universidades brasileiras voltou a ganhar destaque, especialmente após a declaração do governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), que utilizou suas redes sociais para criticar um edital da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). O edital, lançado em fevereiro de 2024, prevê a reserva de vagas para alunos das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, uma medida que Mello considerou inaceitável e um uso inadequado dos recursos públicos catarinenses.
Controvérsia sobre edital de pós-graduação da Udesc
O edital nº 50/2024 destina-se à seleção de alunos de pós-graduação em Música do Centro de Artes, Design e Moda (Ceart) da Udesc. Nele, estão previstas quatro vagas para ampla concorrência, três para pretos e pardos, duas para indígenas, quilombolas, transsexuais e pessoas com deficiência, além de uma vaga específica para graduados do Nordeste, Norte e Centro-Oeste. O governador Mello manifestou seu descontentamento afirmando que “já não basta a gente mandar nosso dinheiro para Brasília e voltar uma migalha?”, destacando que a universidade é mantida com recursos estaduais.
Reação da Udesc e defesa das políticas de inclusão
Após a repercussão do vídeo, a Udesc respondeu com uma nota oficial, esclarecendo que a prática de reservar vagas para alunos de fora do estado “não corresponde a uma política institucional e não deverá constar em futuros processos seletivos”. A universidade reafirmou seu compromisso com a legislação vigente e os princípios constitucionais de igualdade de oportunidades.
A representatividade dos catarinenses na Udesc
Em sua comunicação, a Udesc enfatizou que cerca de 67% dos mais de 12 mil alunos matriculados nasceram em Santa Catarina, e que, quando incluídos também os residentes no estado, esse percentual se aproxima de 80%. Assim, a instituição considera que a grande maioria dos seus estudantes é catarinense, garantindo que as políticas de inclusão respeitem a identidade e a origem de seus alunos.
Compromisso com a transparência e o diálogo
Além de abordar a questão das cotas, a Udesc se comprometeu a continuar avançando em políticas inclusivas, sempre com base na transparência, diálogo com a comunidade acadêmica e no interesse público. O governador, por sua vez, oficiou à administração da Udesc pedindo mais informações sobre os critérios utilizados para a concessão das vagas e afirmou que não aceitará a utilização de recursos catarinenses para benefícios de alunos de outras regiões.
A discussão sobre cotas nas universidades tem se intensificado no Brasil, refletindo a polarização de opiniões em torno da inclusão e da acessibilidade ao ensino superior. Enquanto defensores das cotas argumentam que são uma ferramenta essencial para corrigir desigualdades históricas, há críticos que acreditam que essas medidas prejudicam os cidadãos locais. O caso em Santa Catarina é mais um exemplo das tensões existentes neste debate.
Conclusão
As declarações do governador Jorginho Mello geraram ampla repercussão e levantaram um debate significativo sobre as cotas e a inclusão no ensino superior. A Udesc, por sua vez, reafirmou seu compromisso com sua comunidade de alunos e com os princípios que regem a educação pública. A discussão sobre como equilibrar a inclusão e a prioridade a alunos locais permanece em aberto, refletindo a diversidade de opiniões e realidades em um Brasil em constante transformação.