Brasil, 3 de outubro de 2025
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Protestos marcam a morte de jovem em São Marcos, Salvador

Moradores pedem justiça e enfrentam dificuldades com transporte público parado.

No último domingo (28), a morte de Caíque dos Santos Reis, um jovem de apenas 16 anos durante uma ação policial, desencadeou uma série de protestos no bairro de São Marcos, em Salvador. Com os ônibus sem circular na região há quatro dias, os moradores se mobilizam para exigir justiça, resultando em manifestações que já se estendem por cinco dias consecutivos.

A situação do transporte público em São Marcos

A falta de transporte público tornou-se um problema significativo para os moradores de São Marcos, com um impacto direto na vida de cerca de 43 mil pessoas que vivem na área. Desde a última segunda-feira, a população está obrigando-se a caminhar longas distâncias, de 2 a 3 km, para conseguir utilizar o transporte em rotatórias fora da comunidade. Os ônibus que operam essa rota foram desviados para vias alternativas, como a Estrada Velha do Aeroporto, complicando ainda mais a mobilidade da população local.

As manifestações acontecem principalmente nas principais ruas do bairro, próximo à entrada da comunidade São Domingos, onde Caíque foi morto. A Polícia Militar, que acompanha os protestos, não conseguiu evitar o aumento da tensão na comunidade, onde muitos moradores expressam sua insatisfação e revolta com a situação.

O caso de Caíque dos Santos Reis

De acordo com relatos, o adolescente foi morto durante uma operação policial em busca de supostos criminosos. Testemunhas e familiares afirmam que Caíque não tinha qualquer envolvimento com atividades ilegais. Em entrevista, sua mãe, Joselita dos Santos Cruz, enfatizou que seu filho obedecera as ordens dadas pelos policiais. “Ele colocou as mãos para cima, mas mesmo assim foi baleado”, disse ela, visivelmente abalada.

A morte de Caíque não é um caso isolado; no mesmo incidente, outro jovem, Matheus Daniel Chagas da Silva, também foi ferido e não sobreviveu. A versão da Polícia Militar alega que houve troca de tiros, mas essa narrativa é contestada por moradores e testemunhas que negam que Caíque estivesse armado ou envolvido em qualquer atividade criminosa.

Reação da Polícia e investigações

Após o ocorrido, os policiais envolvidos foram afastados de atividades nas ruas e começaram a receber acompanhamento psicológico, em conformidade com os protocolos estabelecidos em casos de lesões graves ou mortes durante operações. Ao mesmo tempo, a PM reafirma seu compromisso com a legalidade e a transparência nas investigações, que estão ocorrendo em duas frentes: uma administrativamente pela Corregedoria e outra criminalmente pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia Civil.

Reações da comunidade

A comunidade de São Marcos está em luto, mas também em revolta, com diversos moradores participando ativamente dos protestos. Queimadas de objetos nas ruas se tornaram uma forma de chamar atenção para a situação. Muitos expressaram medo e desespero diante da situação, como relata uma moradora, que compartilhou os momentos de pânico que viveu durante a abordagem policial. “Só ouvi os sons dos tiros”, disse.

Organizações como a União de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro) e o Conselho Nacional dos Direitos Humanos têm prestado apoio à família de Caíque, buscando responsabilização e justiça quanto aos acontecimentos que levaram à morte do jovem.

A luta por justiça e medidas futuras

Os protestos em São Marcos refletem uma preocupação mais ampla sobre a relação entre a polícia e a comunidade, especialmente em áreas onde confrontos resultam em perdas de vidas. Os moradores estão determinados a lutar por justiça e exigir mudanças nas práticas policiais que, segundo eles, carecem de transparência e respeito à vida.

A luta por justiça em memória de Caíque é um chamado urgente para repensar as táticas policiais e reforçar a necessidade de diálogo entre a polícia e as comunidades que servem. E enquanto os moradores de São Marcos buscam resposta e responsabilidade, a esperança de um futuro mais seguro e justo se torna ainda mais crítica.

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