Os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro, membros do PL, intensificaram suas críticas a aliados políticos em um momento delicado, com a proposta de anistia ampla perdendo força no Congresso Nacional. A situação agravou-se ainda mais com o impasse nas discussões sobre dosimetria das penas, o que tem deixado seus defensores em alerta. Eduardo e Carlos Bolsonaro usaram suas plataformas nas redes sociais para sinalizar a falta de coesão entre os partidos que até então apoiavam seu pai.
A crítica direta aos aliados
Eduardo Bolsonaro foi incisivo ao se referir à falta de união entre os aliados, ironizando a situação em que governadores de direita, como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Romeu Zema (Novo-MG), fazem promessas de perdoar o ex-presidente nas próximas eleições presidenciais. Ele comentou em uma publicação nas redes sociais: “Chega desse papo de ‘eu darei indulto se for eleito’ para enganar inocentes”, destacando ainda que, mesmo com a concessão de graça a Daniel Silveira durante a presidência de Bolsonaro, não houve proteção suficiente contra o sistema.
As palavras de Carlos Bolsonaro também não deixaram de chamar a atenção. Em um vídeo que viralizou, ele se indagou: “O maior líder político da América Latina está preso ilegalmente. Cadê a tal ‘união da direita’?”. Essa frase não apenas destaca seu apoio ao pai, mas também reflete a frustração com os movimentos dos aliados, que são vistos como ineficazes diante da situação crítica que Bolsonaro enfrenta.
O pano de fundo da desunião
A inquietação dos filhos de Bolsonaro coincide com um cenário em que o tema da anistia perdeu espaço nas discussões parlamentares. Após a rejeição da PEC da Blindagem, líderes da Câmara já reconhecem, em círculos reservados, que não há um clima favorável para votar tal medida, deixando a traição nas promessas de apoio ainda mais evidente. A proposta de dosimetria das penas, que poderia levar a uma condução menos severa dos casos judiciais que envolvem o ex-presidente, também foi deixada de lado, frustrando aliados.
Ciro Nogueira, senador, recentemente reforçou essa ideia ao afirmar que a direita precisa de um mínimo de convergência para garantir vitória nas próximas eleições. “Já está passando de todos os limites a falta de bom senso na direita. Ou nos unificamos ou vamos jogar fora uma eleição ganha novamente”, alertou, ressaltando a urgência de coesão entre os partidos que se posicionam do lado de Jair Bolsonaro.
A incerteza quanto ao futuro político
Bolsonaro, atualmente em prisão domiciliar, segue sem indicar ao público quem poderá se tornar o herdeiro de seu legado político. Apesar de estarem em uma situação complicada, seus filhos afirmam que ele será candidato nas próximas eleições, mesmo com a inelegibilidade vigente. Esse clima de incerteza contribui para a irritação familiar, especialmente em relação à movimentação de governadores que agora flertam com a ideia de libertar o ex-presidente, mas somente caso sejam bem-sucedidos nas próximas disputas eleitorais.
Atualmente, a avaliação entre parlamentares sugere que qualquer avanço nas propostas de amnistia ou alterações na dosimetria de penalidades será improvável. O relator da proposta, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), já havia realizado conversas com líderes partidários, mas a votação segue sem previsão, e temas considerados prioritários, como segurança pública, têm dominado a agenda.
Assim, as recentes críticas dos filhos de Bolsonaro refletem não apenas a frustração com os aliados, mas também um descontentamento em relação a um futuro incerto, evidenciado pela crescente desunião entre partidos, quando, em tempos anteriores, a coesão e a estratégia seriam fundamentais para contornar as adversidades enfrentadas pelo ex-presidente e seu legado político.
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