A recente decisão de um juiz federal gerou controvérsia ao permitir que a Holtec International, com sede em Nova Jersey, despeje 45.000 galões de água radioativa no rio Hudson. Essa medida, potencialmente prejudicial para o ecossistema local e a saúde pública, foi aprovada após um processo judicial que desafiou a proibição imposta pelo estado de Nova York sobre a liberação de substâncias radiológicas provenientes da antiga usina nuclear Indian Point.
A batalha jurídica e o impacto da decisão
O juiz Kenneth Karas, do tribunal de distrito dos EUA, decidiu na semana passada que a proibição de Nova York era inconstitucional, defendendo que apenas o governo federal possui autoridade para regulamentar os despejos da usina nuclear desativada. O juiz argumentou que o estado excedeu sua autoridade ao aprovar a lei “Save the Hudson” em agosto de 2023, que visava proteger o Vale do Hudson de águas residuais associadas à usina nuclear.
A usina de Indian Point, situada ao sul de Peekskill, foi desativada em 2021, após quase 60 anos de operação. Um período de limpeza e monitoramento do rio Hudson se seguiu, importante para mais de 100.000 residentes que dependem dele como fonte de água potável. A Holtec International, especializada na desativação de usinas nucleares, adquiriu o local logo após sua fechamento.
Argumentos da Holtec e preocupações da comunidade
A Holtec argumenta que a descarga de águas residuais deve estar sob a supervisão da Comissão Reguladora Nuclear (NRC) e da Agência de Proteção Ambiental dos EUA. Os representantes da empresa afirmam que a liberação controlada de água contaminada é uma prática comum em usinas nucleares e não pretendem realizar o despejo em larga escala de 45.000 galões de forma imediata.
Patrick O’Brien, diretor de assuntos governamentais e comunicações da Holtec, expressou sua desaprovação à rejeição do projeto de lei, afirmando: “Os fatos científicos demonstram que o despejo no rio é a opção mais segura para lidar com a água processada e tratada.” O’Brien também enfatizou que a água tratada é monitorada para garantir que atenda aos requisitos regulamentares antes de sua liberação.
No entanto, críticos da decisão destacam que a empresa possui alternativas, como armazenar a água de forma segura em contêineres selados, ao invés de descarregá-la no rio. Ken Jenkins, executivo do Condado de Westchester, afirmou: “O Hudson é a fonte de nossa região, um recurso de recreação, beleza natural e vitalidade econômica, e não podemos permitir que se torne um local de despejo de resíduos radioativos.”
Reações adversas e consequências ambientais
A decisão judicial também gerou reações adversas de líderes regionais. Ed Day, executivo do Condado de Rockland, expressou sua decepção com a decisão do tribunal federal, que considerou que a lei de Nova York foi suprimida. Day argumentou que a implementação da “Save the Hudson Bill” teve um impacto positivo na vida selvagem local, possibilitando o retorno de espécies como águias carecas e esturjões ao rio.
“Permitir que a Holtec descarregue água contaminada iria desfazer décadas de progresso e seria uma tragédia para o nosso meio ambiente, nossas comunidades e as gerações futuras,” disse Day, enfatizando o impacto ambiental negativo que a liberação de água contaminada poderia trazer. Recentemente, golfinhos foram vistos novamente no rio Hudson, atraídos pela melhoria da qualidade da água e pela ressurgência de fontes de alimento.
A posição da federal e o futuro da qualidade da água
Embora os advogados da Holtec mantenham que toda a radiação liberada do tratamento de águas residuais estaria bem abaixo dos limites de segurança estabelecidos, a comunidade permanece cética. Impedir que o rio Hudson se torne um local de despejo de resíduos inibe potenciais danos futuros ao meio ambiente.
À medida que a luta judicial continua, a população que depende do rio Hudson para a água potável e a biodiversidade natural, incluindo a recuperação de espécies marinhas importantes, observa com preocupação o andamento do caso. A questão não se resume apenas a um limite legal, mas também ao bem-estar das comunidades ao longo do rio e o futuro ecossistema da região.
As implicações dessa decisão vão além da jurisprudência, afetando diretamente a saúde e a segurança das gerações presentes e futuras. Resta saber quais medidas serão tomadas em resposta a essa situação e como a defesa do meio ambiente será priorizada por aqueles que governam.