No dia 29 de agosto, uma menina de apenas seis anos foi resgatada em situação de cárcere privado no Jardim Santa Esmeralda, em Sorocaba, São Paulo. Desde o episódio, a criança tem apresentado sinais de melhora significativa, tanto em termos físicos quanto psicológicos, conforme declarou a delegada da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), Renata Zanin.
Avanços na recuperação
De acordo com a delegada, a menina tem recebido atenção integral em diversos serviços de saúde, que incluem consultas com médicos, atendimento psicológico, fonoaudiólogo e acompanhamento de educador físico. “Ela está avançando bem. Mas ainda não temos os relatórios de atendimentos atualizados, porque os profissionais precisam de mais algumas semanas para apresentar devolutiva mais fidedigna”, afirmou Renata Zanin.
A criança continua acolhida em uma das unidades do Serviço de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes (Saica) conveniadas com o município de Sorocaba. Em nota, a prefeitura destacou que a menina é atendida por uma equipe multidisciplinar e que todos os esforços estão sendo feitos para sua reabilitação.
Condições alarmantes
A situação da menina foi descoberta por meio de uma denúncia anônima que alertou as autoridades sobre o seu estado. Ao ser resgatada, a criança não tinha frequentado a escola, não recebeu vacinas adequadas e nunca teve acesso a um atendimento médico apropriado. Segundo relatos da polícia, a menina era alimentada apenas com alimentos líquidos e carecia de cuidados básicos de higiene e saúde.
A conselheira tutelar Lígia Guerra, que acompanhou o resgate, relatou à TV TEM que a garota se mostrava apática e incapaz de se comunicar verbalmente. “Quando nos encontramos com ela, estava muito apática. O cabelo tinha um nó único, como se nunca tivesse sido lavado. Ela estava sem se alimentar e ficou deslumbrada com tudo, com o mundo, como se nunca tivesse saído da casa”, disse Lígia.
Consequências para os responsáveis
Os pais da menina, um homem de 54 anos e uma mulher de 45, foram presos no dia 4 de setembro, sob a acusação de manter a criança em cárcere privado, longe de qualquer interação social e sem acesso à educação e saúde. A DDM pediu à Justiça a prorrogação da prisão dos pais por mais 30 dias, a fim de garantir que o caso seja adequadamente investigado e que todas as medidas necessárias sejam tomadas em relação aos direitos da criança.
Ainda segundo a Polícia Civil, não foi identificado que o casal tivesse outros filhos. Durante a investigação, três celulares encontrados na residência foram apreendidos para passar por uma análise pericial. Isto poderá ajudar a elucidar mais detalhes sobre a dinâmica familiar e as condições em que a criança vivia.
Um futuro incerto, mas esperançoso
A recuperação da menina, que foi acolhida por uma equipe comprometida com seu bem-estar, representa uma luz de esperança em sua trajetória. Assim como em muitas outras cidades brasileiras, a história deste caso mobiliza a sociedade sobre a importância do acolhimento e da proteção das crianças em situações de vulnerabilidade. Com a atenção necessária, espera-se que a menina consiga superar os traumas e recomeçar sua vida fora do cárcere em que viveu até então.
A expectativa agora é que, nos próximos meses, os relatórios dos profissionais de saúde possam oferecer uma visão mais clara do progresso da menina e que a justiça possa agir de forma efetiva para garantir que tais abusos não se repitam.
As instituições responsáveis pela proteção da criança estão atentas ao caso, com o objetivo de assegurar que a menina receba todo o suporte que precisa para uma reintegração saudável à sociedade.