O renomado magnata da música Irving Azoff, presidente e CEO da The Azoff Company, não poupou críticas ao YouTube durante sua participação na convenção TheGrill 2025, promovida por TheWrap. Ele descreveu a plataforma como um “bully” e reiterou sua posição de que o Google não paga “o que é justo” aos artistas.
A defesa dos direitos dos artistas
Em uma conversa com a fundadora e editora chefe da TheWrap, Sharon Waxman, Azoff expressou sua preocupação com a maneira como o YouTube lida com artistas musicais. “Sou ferozmente protetor dos direitos dos artistas, e o YouTube é de longe o maior infrator”, declarou Azoff no Teatro DGA, em Los Angeles. Ele destacou que a plataforma tem, em sua opinião, criado novas formas de pressionar os criadores de conteúdo.
Azoff também acusou o YouTube de sub-remunerar os artistas em comparação com seus principais concorrentes e de ameaçar remover canais de artistas quando há resistência durante as negociações. “Quando você chega ao final de uma negociação com eles, eles ligam para seus artistas, chamam a gravadora e tiram sua música do ar”, disse.
O poder do Google em questão
As declarações de Azoff ocorrem em um momento de crescente escrutínio sobre o poder que o Google exerce, especialmente após o Departamento de Justiça dos EUA ter solicitado a quebra de certos contratos exclusivos e a divulgação de dados de busca a terceiros. Azoff argumentou que a situação se estende além da música e citou um recente conflito entre o YouTube e a NBCUniversal como outro exemplo da forma como a empresa utiliza seu peso no mercado.
Além disso, ele lembrou que essa não é a primeira vez que se manifesta contra as práticas do YouTube. Em uma participação anterior na mesma conferência, há nove anos, chamou a plataforma de “maléfica”, afirmando que existia uma falta de respeito pela propriedade intelectual, e que o YouTube era o maior violador desse direito.
A comparação com concorrentes
Um dos pontos mais contundentes apresentados por Azoff é a comparação dos pagamentos do YouTube com os de suas empresas rivais, que incluem plataformas como Spotify e Apple Music. Segundo ele, o YouTube pagou 20% do que seus competidores pagam, embora não tenha especificado a quem se referia diretamente. No entanto, Waxman apontou que Spotify e Apple Music são os principais concorrentes a serem considerados nesta análise.
Ainda de acordo com Azoff, em 2024, o YouTube gerou uma receita superior a 50 bilhões de dólares, enquanto o seu concorrente mais próximo, durante o mesmo período, ficou com 10 bilhões. Embora o YouTube não revele separadamente a receita dos serviços de streaming, Azoff sugeriu que a diferença nos pagamentos aos criadores de conteúdo é alarmante e inaceitável.
Impacto na televisão e no conteúdo linear
O descontentamento de Azoff também se estende além da música, afetando a indústria da televisão, onde vários profissionais expressam frustração com a falta de pagamentos justos do YouTube. Ele citou que a plataforma está prejudicando a economia de programas de televisão noturnos, pois “se eles pagassem sua parte justa, a economia desses programas seria muito diferente”, comentou.
A baixa remuneração em comparação com o que os programas de TV tradicionais geram por publicidade foi uma preocupação reiterada. Apesar do alto número de visualizações de programas célebres como “The Tonight Show” no YouTube, a monetização resultante é significativamente inferior em comparação com a TV tradicional.
O futuro da indústria musical
Embora permaneça cético sobre as práticas atuais do YouTube, Azoff se mostrou otimista quanto a possíveis mudanças que favoreçam os artistas no futuro. “Estou mais esperançoso de que algo seja feito, porque não se trata apenas da indústria da música que eles estão intimidando… é todo mundo”, declarou ele, em referência à ampla gama de setores impactados pela atuação da plataforma.
A discussão em torno dos direitos dos artistas e das práticas das plataformas digitais continua a ser um tema central nas conversas sobre a evolução da indústria musical. Por enquanto, a tensão entre artistas e a gigante da tecnologia deve continuar a ser um foco de debate na busca por justiça no setor.
Assista ao painel completo da Grill e fique por dentro de toda a cobertura do TheWrap sobre o TheGrill 2025 aqui.