Os protestos da Geração Z em Madagascar, especificamente na capital Antananarivo, intensificam-se conforme jovens clamam por mudanças sociais profundas e pela melhoria das condições de vida. Desde 25 de setembro, a insatisfação perante a falta de serviços básicos como energia elétrica e água potável tomou as ruas, gerando uma resposta violenta das forças de segurança, que utilizaram gás lacrimogêneo e disparam contra os manifestantes. Em meio ao clamor por mudança, Dom Rosario Saro Vella, bispo de Moramanga, pediu um diálogo pacífico, enfatizando que a violência não é a solução.
Um cenário tenso em Antananarivo
As manifestações em Antananarivo se tornaram um símbolo da luta da Geração Z, que se mobiliza continuamente em busca de soluções para as crises enfrentadas pelo país. As manifestações já resultaram em pelo menos 22 mortes e inúmeras pessoas feridas, conforme informado pela ONU, e, indicações da mídia local relatam ações violentas por parte das forças de segurança contra os jovens protestantes. Além de Antananarivo, a cidade de Antsiranana, ao norte da ilha, também se destaca pelo acúmulo de manifestantes que exigem uma greve geral.
A falta de resposta do governo
Em uma tentativa de acalmar os ânimos, o presidente Andry Rajoelina anunciou a renúncia coletiva do governo, o que, ao contrário do esperado, impulsionou ainda mais as manifestações. Os jovens, que representam uma grande parte da população insatisfeita, reivindicam a própria saída do presidente. A insatisfação é alimentada por um sistema político e econômico desequilibrado, que ignora as necessidades da população. Organismos internacionais alertam que cerca de 75% da população vive abaixo da linha da pobreza, o que acentua a urgência nas reivindicações sociais.
Um grito por dignidade além da água e da luz
As manifestações em Madagascar vão além da demanda inicial por serviços básicos; os jovens clamam por dignidade e equidade social. Os protestos são inspirados por exemplos de resistência em outros países, como o Nepal, que também passou por crises similares, promovendo mudanças por meio da mobilização popular. Essa nova mentalidade reformista entre os jovens madagascarenses reflete um desejo genuíno de transformação social e política.
A Igreja como mediadora no conflito
Em um momento crítico, a Igreja Católica se apresenta disposta a atuar como mediadora na busca de uma solução pacífica. O bispo Dom Rosario Saro Vella reiterou o compromisso da Igreja em facilitar o diálogo entre as partes envolvidas. Ele observou que a violência gera mais violência e que as instituições religiosas têm uma função essencial na promoção da justiça social. “A situação econômica e social se tornou inaceitável”, disse, ressaltando a necessidade de uma mudança estrutural.
Um apelo à paz e à justiça
As palavras proferidas pelo Papa Leão XIV durante uma audiência revelam empatia e solidariedade com a situação em Madagascar. O Papa pediu orações para que os confrontos cessem e para que prevaleça a harmonia entre os cidadãos. O apelo de Leão XIV ressoou profundamente entre os madagascarenses, que veem na mensagem papal um sinal de esperança em tempos de dificuldade e uma confirmação de seus anseios por justiça e bem-estar social.
A situação em Madagascar continua sendo crítica, mas a mobilização da Geração Z e o apoio da Igreja e líderes comunitários podem sinalizar uma nova era de engajamento cívico e transformação social, necessária para um país que luta contra a pobreza e a desigualdade.
Enquanto os protestos persistem e o clamor por mudança aumenta, a atenção do mundo se volta para Madagascar, na esperança de que as vozes dos jovens sejam ouvidas e que possam finalmente conquistar o futuro que tanto desejam.